As taxas de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) estão reduzindo gradativamente no Rio Grande do Sul e, claro, na Serra gaúcha. Mesmo que a velocidade de queda tenha perdido a força nos últimos dias, indicando uma estabilização, ainda se configura uma queda na curva quando comparado com o dia 15 de março – data que bateu 115% de ocupação, segundo o governo do Estado.
O nível de 83,9%, segundo dados da SES, ainda também é distante dos 64% registrados em fevereiro, antes da explosão de casos do coronavírus. Nesse contexto, ressalta-se que as notícias são boas. Após dois meses, o hospital de Bento Gonçalves tem vagas para tratamento de alta complexidade, no município de Gramado caiu pela metade o número de pacientes de covid-19 que estão em UTIs e o mesmo se reflete em Caxias do Sul, que saiu de 178 para 146 internados nos últimos 20 dias.
O maior hospital privado da Serra, o Unimed, em Caxias, mostra uma redução contínua nas últimas semanas. Um avanço interessante, mas sempre ressaltando que distante do que ocorreu em fevereiro, durante a bandeira laranja.
— A Unimed teve uma redução gradativa da ocupação dos leitos de UTI, iniciada há aproximadamente 15 dias. Nos permitiu reduzir com segurança de 78 para 60 leitos. Lembro que antes da pandemia tínhamos 20 vagas. Ou seja, ainda estamos com aumento de leitos em 300% — explica o diretor-técnico do Complexo Hospitalar, Márcio Valin.
No sistema público, nenhum leito foi fechado ainda, mas irá ocorrer se o cenário continuar em queda dos pacientes da covid-19. Isso se deve ao fato de muitos hospitais estarem com improvisações nas suas estruturas. Em março, a Secretaria Estadual da Saúde decretou estado de emergência máximo, levando as instituições trabalharem quase que especificamente para o coronavírus. Com alívio na pressão, naturalmente algumas vagas serão perdidas. E nesse tema há outra boa notícia.
— Têm instituições que já manifestaram o interesse de permanecer com esses leitos, transformando em UTI’s clínicas e alguns que vão fechar, porque possuem outras estruturas comprometidas. Vamos manter mais leitos do que tínhamos (antes da pandemia), mas ainda não estaremos com a quantidade de leitos necessárias para a região (referência para 49 cidades) — explica a coordenadora regional de Saúde na Serra, Cláudia Daniel.
LISTA AINDA PREOCUPA
A lista de espera por leitos de UTI, que vitimou mais de 50 pessoas na região, ainda existe. Só que agora ela está próxima de uma outra realidade. Se os pacientes positivos para o coronavírus já têm para onde serem encaminhados, aqueles com outras enfermidades aguardam por essas vagas.
— Na macro Serra sempre faltaram leitos de UTI. No fim de semana não tínhamos nenhum paciente precisando de leito covid, mas hoje apareceu um. Na região, temos sete leitos específicos para o coronavírus. Em contrapartida, temos 13 aguardando por leitos clínicos. Esse é um cenário que já se tinha em outros momentos — diz Cláudia.