Apostar na educação e, mais do que isso, proporcionar conhecimento de plataformas digitais a estudantes de todo o Brasil. É com esse norte que uma iniciativa pedagógica da Universidade de Brasília (UnB) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com apoio técnico da Agência Espacial Brasileira, beneficia três escolas públicas da Serra gaúcha. Instituições de ensino de Carlos Barbosa, Garibaldi e Paraí passaram a integrar um programa piloto de robótica espacial neste mês.
Agora, crianças e pré-adolescentes selecionados têm acesso a um programa que, além de ensinar conteúdos como automação, impressão 3D e jogos digitais, propõe a montagem de um robô Rover Lunar — inspirado na missão espacial Artemis da Nasa. A máquina também é programada para ministrar o curso. Desta forma, não há a presença de professores no ambiente, que é totalmente online. Quem sabe como funciona cada passo da plataforma nacional é a aluna do 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Prefeito José Chies, em Carlos Barbosa, Amanda Mendes. Com apenas 14 anos, ela se dedica diariamente às aulas virtuais, que podem ser conferidas em qualquer horário do dia.
— O robô seria mandando para a lua para retirar algumas pedras e outras partes do lugar para serem estudados. Eu já estava em busca de algum curso para aprender algo a mais quando recebi o convite. É muito bom e recomendo para todos que são curiosos assim como eu. Estou muito feliz em participar — afirma.
A escola de Amanda foi convidada pela Secretaria Municipal da Educação de Carlos Barbosa para organizar a proposta após o governo federal ter entrado em contato. A partir disso, os alunos selecionados baixaram um aplicativo em seus computadores. Na escola Prefeito José Chies, são 10 estudantes que integram os acessos ao programa, entre o 6º e o 9º anos. Segundo o diretor Paulo César Bellaver, a escola já solicitou mais senhas de acesso aos organizadores, que liberam até 25 participações por instituição. Segundo Bellaver, há apoio de profissionais em Brasília para dúvidas e manutenção de logins.
— É um momento ideal por ser tecnologia e estarmos vivendo em uma pandemia. Também é um momento de exploração espacial. No início da proposta, senti uma certa desmotivação. Mas, agora, para minha surpresa, há um efeito contrário. Outros alunos começaram a me procurar para também querer fazer parte — explica.
De acordo com a secretária Roneide dos Santos, a escola foi selecionada por ser a maior em quantidade de alunos na rede municipal de Carlos Barbosa.
— Para nós, é um bônus porque ganhamos esse programa e tínhamos a opção de aderir ou não. Já é uma forma de preparar o aluno para o mercado de trabalho daqui ou para que eles busquem novos horizontes fora — diz.
Em sintonia com a ideia, a aluna Paola Farina Biasi, 13, do 8º ano, pensa em utilizar o aprendizado para realizar projetos próprios.
— Eu recebi o convite do diretor da escola pedindo se tinha interesse em participar do curso de robótica espacial e acabei me interessando pelo assunto porque sempre tive curiosidade em saber como funcionam os robôs e como montá-los. Uma parte que eu achei muito interessante é o fato de aprendermos sobre a impressora 3D, que pode imprimir o que quisermos, basta programá-la. Estou muito feliz e ansiosa para aprender mais sobre isso e construir meus próprios projetos — diz.
Em Garibaldi, a diretora da Escola Madre Justina Ines, Fabiana Piucco Damiani, afirma que 25 alunos do 4º e 5º anos participam do programa. Ela perguntou a eles em grupos de turmas de WhatsApp para que organizassem os interessados de acordo com as vagas.
— Quando soube que poderíamos proporcionar o curso, entrei em contato com alunos com a preocupação de que precisariam ter apoio da família. E foi muito bem aceito. Ficaram muito faceiros. Afinal, quanto custaria um curso desses? — diz.
Em Paraí, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Mateus Dal Pozzo, também faz parte do projeto piloto. Segundo a professora Tissiane Cappelli, a proposta está em fase de ajustes. Alguns alunos ainda estão sendo inscritos.
— Os que já estão participando me relatam o quanto estão amando. Não obrigamos ninguém a fazer e, por isso, se alguém mudar de ideia, colocaremos outro no lugar porque queremos que seja de acordo com o perfil do aluno — conta.
A previsão de duração é de cerca de um mês, mas o prazo poderá ser prorrogado conforme os resultados apresentados já que, por ser um programa piloto, ele ainda está em fase de testes. Cada escola tem o direito a escolher de cinco a 25 alunos que devem ter acesso a plataforma por computador ou notebook. As opções via celular ainda estão sendo estudadas. No Rio Grande do Sul, são 20 escolas inscritas. A meta é atingir 11,5 mil alunos de 250 escolas em todos os Estados brasileiros e do Distrito Federal. O programa é executado pela Be Byte, escola de programação e robótica para crianças.
Os 20 municípios inscritos no Estado:
- Arroio do Meio
- Arroio do Tigre
- Butiá
- Carlos Barbosa
- Cerro Branco
- Faxinal do Soturno
- Garibaldi
- General Câmara
- Joia
- Minas do Leão
- Morrinhos do Sul
- Mostardas
- Paraí
- Porto Alegre
- Santo Antônio da Patrulha
- Sapiranga
- Três Cachoeiras
- Três de Maio
- Tupanciretã
- Uruguaiana