Dois pontos de Caxias do Sul tiveram, nesta quinta-feira (15), atos em favor da retomada das aulas presenciais. Desde as 5h30min, 12 vans estiveram estacionadas na Praça Dante Alighieri, no centro da cidade, para onde uma carreata com outros 81 veículos de transporte escolar dirigiu-se a partir das 16h30min, partindo da Rua Pinheiro Machado. A praça também sediou um ato conclamado nas redes sociais, que iniciou por volta das 17h, reunindo cerca de 200 pessoas. A Guarda Municipal monitorou o trecho da Rua Sinimbu que foi parcialmente bloqueado para o tráfego de veículos na esquina com a Dr. Montaury, em frente à Catedral, no início do ato, sendo completamente interrompido entre 18h e 18h30min, horário em que os manifestantes começaram a ir embora.
Ao longo da tarde, também como forma de protesto, a Escola de Educação Infantil Esconderijo Sapeca promoveu aulas ao ar livre com duração de uma hora para cada nível, entre 13h e 18h, em uma praça do bairro Jardim América. A escola da rede particular, que atende a 90 crianças, também pede a retomada das aulas presenciais.
Motoristas de vans que atendem às redes públicas e privada no município pedem o direito de trabalhar ou algum tipo de auxílio para que possam se manter enquanto as aulas permanecem suspensas no Estado. Nesta tarde, eles percorreram ruas centrais da cidade (Pinheiro Machado, Feijó Júnior e Sinimbu), encerrando o protesto na praça central.
— Nosso objetivo é mostrar às autoridades que queremos voltar a trabalhar, com todas as medidas de segurança. Não temos mais saúde financeira para ficarmos parados, a situação está precária e não estamos recebendo nenhum tipo de auxílio — afirmou um dos integrantes da manifestação, Getúlio de Castilhos, proprietário de uma empresa que presta serviços de transporte a estudantes da cidade.
— Nossa expectativa é que a próxima rodada seja de classificação em bandeira vermelha pra que a gente possa voltar a trabalhar na segunda-feira. Caso isso não ocorra, provavelmente iremos protestar, na terça-feira, em Porto Alegre — completou o motorista.
Desde o início da pandemia, pais, professores e escolas particulares da cidade têm se manifestado pelo retorno das crianças às salas de aula. Na terça-feira (13), um ato reuniu cerca de 200 pessoas em frente à Câmara de Vereadores e à prefeitura da cidade, tendo continuidade nesta quinta-feira.
A movimentação norteada pela frase "Lugar de Criança é na Escola" também é apoiada pela diretora da Esconderijo Sapeca, Vânia Marin Servelin. A frase estampa a camiseta dos profissionais que atuaram nas aulas ao ar livre desta quinta-feira, iniciativa que, segundo ela, teve como objetivo promover algo diferente, para tirar os pais e alunos da rotina, além de chamar a atenção para a necessidade do retorno das aulas na escolinha.
— Nosso setor hoje é o mais atingido por essa bandeira que não volta para a vermelha. Quando houve a classificação preta, novamente na semana passada, decidimos realizar este ato porque os pais não estão suportando mais não ter onde deixar seus filhos, as crianças estão com sinais de depressão, há uma pressão de equipe de pedagogas em casa, sem poder trabalhar. É uma panela de pressão pronta para estourar. Esta foi uma forma de rever as crianças, tirar todos de dentro de casa, mas também tem cunho de manifestação — afirmou Vânia.
Uma liminar suspende a retomada presencial das aulas no Estado desde o dia 25 de fevereiro. De lá para cá, várias instituições e órgãos têm feito reiterados pedidos de reconsideração da decisão, que já foi referendada pelo Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal. Entre os argumentos usados em favor da liberação está o de que o próprio governo do Estado classifica como essenciais, durante a bandeira preta do sistema de distanciamento controlado, as aulas presenciais para alunos da Educação Infantil e 1º e 2º anos do Ensino Fundamental.
— O governo do Estado tem que se posicionar. Ele passa a ideia de que quer a retomada mas não toma nenhuma atitude efetiva para derrubar a liminar. Esperamos que ele se posicione, estamos contando com esse retorno na semana que vem, se não, a tendência é de que as coisas aconteçam de outra forma. A gente tem uma escola preparada e montada com mais recurso do que é exigido pelo protocolo. O cuidado com a saúde sempre foi uma prioridade — completa a diretora.