Os frascos da vacina contra a covid-19 contêm 10 doses, que devem ser aplicadas em até seis horas depois da abertura, antes que percam a eficácia. Por isso, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Caxias do Sul precisa adotar medidas para evitar o desperdício do imunizante.
Quando há vacinação no dia seguinte e os últimos idosos a procurarem os postos não são suficientes para esgotar um frasco, as equipes agendam a aplicação para o dia posterior. Nesta terça-feira (30), porém, a campanha foi voltada a concluir a aplicação no grupo com 66 anos ou mais que não puderam receber a primeira dose no mutirão do último sábado (27). Para poder ampliar a faixa etária, o município precisa receber uma nova remessa de imunizantes. Com isso, as sete Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que foram os pontos de aplicação, precisaram adotar uma estratégia que exige organização e cuidado.
Na UBS do Cinquentenário, a aplicação das doses começou em três salas diferentes e foi concentrada em apenas uma, quando o horário de encerramento se aproximou, para garantir que não seriam abertos mais frascos do que o necessário. A estratégia deu certo, já que não havia nenhuma dose sobrando às 16h, quando a campanha foi encerrada. Porém, a equipe dedicada a vacinar pacientes acamados voltou para o poto com três doses sobressalentes. Por isso, a coordenadora da UBS, Sandra Lúcia Radaelli, lançou mão de uma lista de espera onde constavam idosos de 61 a 65 anos. Ou seja, pessoas que estão no grupo imediatamente posterior ao que estava sendo vacinado.
— Nunca desperdiçamos nenhuma dose e nem distribuímos para pessoas que não são idosos. Não adianta formar fila aqui no fim do dia porque para a lista de espera também tem critérios — esclarece Sandra.
A maioria dos idosos que vai para a lista são pessoas que acompanham o marido ou a mulher na hora da vacinação e aproveitam para tentar a sorte. Mas um dos nomes era de Loiva Maria da Silva, 65, que tem diabetes e esquizofrenia. Ela foi incluída na fila porque a irmã, Marta Boff, 51, ligou para a UBS na segunda-feira (29) em busca de uma previsão sobre quando ela seria vacinada. Marta fazia um bolo na tarde de terça quando o telefone de casa tocou, trazendo a tão aguardada notícia.
— Larguei tudo e viemos. Não sei se vai dar bolo quando voltar para a casa, mas o mais importante é que ela vai estar vacinada — comemorou.