Apesar da restrição ao funcionamento do comércio não essencial no fim de semana, lojas e restaurantes de Gramado e Canela, na região das Hortênsias, abriram as portas neste sábado (27). Em Canela, o movimento maior aconteceu pela manhã e acabou produzindo cenas de hostilidade contra servidores que fiscalizavam o cumprimento do decreto estadual, em vigor para tentar conter o agravamento da pandemia.
Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, dois fiscais estariam de plantão neste sábado. Eles são orientados a notificar os estabelecimentos abertos e, permanecendo em funcionamento, multá-los. Imagens enviadas à RBS TV mostram um carro da prefeitura cercado por pessoas que gritam “Fora”, “Queremos trabalhar” e “Fica em casa”. O motorista manobra o carro da prefeitura com dificuldade e sai do local sob aplausos das pessoas que comemoram o afastamento dos fiscais.
Em Gramado, um outro vídeo gravado durante a tarde também mostra grande circulação de carros e clientes frequentando o comércio, principalmente lojas de chocolate. Também é possível observar que restaurantes disponibilizaram mesas para servir clientes no local, o que é proibido.
A prefeitura de Gramado informou, também via assessoria de imprensa, que nenhuma orientação para que o comércio abrisse partiu do Executivo. Também haveria um problema de efetivo na fiscalização. Apenas dois fiscais estão aptos a trabalhar por serem os únicos que não testaram positivo para a covid-19. Os demais estão afastados das atividades.
O presidente do Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares e Similares da Região das Hortênsias (SindTur), Mauro Salles, afirma que o posicionamento da entidade se mantém a favor do cumprimento dos decretos vigentes. Ele destaca que a categoria busca o diálogo com o governo do Estado para melhorar os protocolos e permitir que o setor amplie o funcionamento com responsabilidade. Em relação ao vídeo em que os fiscais são hostilizados, ele destaca que o sindicato não apoia qualquer tipo de agressividade, mas pondera que a situação demonstra o desalento dos responsáveis pelos estabelecimentos.
— Isso revela o desespero dos empresários diante de uma falta de diálogo com o governador. Não está tendo espaço para a gente melhorar as condições de funcionamento e acaba que os empresários, no desespero de manter o seu negócio, já em uma situação extremamente difícil, sem poder funcionar, sem receita, tendo que pagar conta, boletos, impostos, folha de pagamento, acaba por acontecer um desespero por querer funcionar. Infelizmente, isso acaba acontecendo. De qualquer forma, não somos a favor de nenhuma abordagem agressiva, com qualquer pessoa que for. A gente defende que as manifestações sejam tranquilas, pacíficas, e respeitem as pessoas e as instituições — afirmou.