Ajuda da população, se cuidando e cuidando do próximo, para que o número de casos de covid-19 parem de subir nos próximos 20 dias é o que as equipes do Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves, precisam para retornar a um patamar considerado seguro na opinião da Roberta Pozza, diretora de divisão hospitalar do Tacchini Sistema de Saúde. Em entrevista nesta quarta-feira (10) ao programa Gaúcha Hoje, da rádio Gaúcha Serra, ela falou sobre a situação nos hospitais da rede (São Roque, de Carlos Barbosa, e Tacchini, de Bento Gonçalves).
Em Bento, o Tacchini anunciou que entrou em colapso na noite de sábado (6) e que opera em 140% da capacidade de atendimento nos leitos de UTI adulto. O número permanece até a manhã desta quarta-feira (10), conforme dados do painel do governo do Estado. Com isso, a orientação a todos moradores da cidade, sejam usuários do sistema público de saúde ou privado, é que, caso apresentem sintomas da covid-19, procurem a UPA 24h, no bairro Botafogo. Diante do momento crítico, Roberta considera a situação uma "segunda onda real" para a região.
Conforme Roberta, o dia 7 de março foi o dia em que as equipes de saúde do hospital enfrentaram o momento mais angustiante de enfrentamento à pandemia:
– Quando ultrapassamos o número de 45 pacientes críticos dentro da nossa estrutura hospitalar, começamos a criar todas as nossas contingências. O enfrentamento está se dando em um nível elevado de comprometimento de todos os nossos profissionais da saúde. Temos profissionais dedicados de forma integral.
A diretora ressaltou que o Hospital Tacchini, em Bento, amanheceu nesta quarta-feira (10) com 65 pacientes internados em UTI, 20 a mais da capacidade da instituição. No entanto, observa redução no número de exames para diagnosticar o vírus e na procura por atendimento respiratório na estrutura fast track do hospital.
– Isso nos cerca com algum otimismo. Se a população aderir de forma adequada aos cuidados, como uso de máscara, distanciamento social, higienização de mãos e ambientes, atentar para manter os ambientes absolutamente ventilados e procurarmos nos preservar de fazer as coisas que não são realmente essenciais... Nós temos otimismo de que conseguiremos enfrentar esse momento de crescimento tão agudo, em pico, desses pacientes.
Em Carlos Barbosa, o São Roque atendeu, nos últimos dias, uma média diária de 34 pessoas na estrutura do fast track respiratório. É um recorde para a instituição. Do dia 1º ao 9, o hospital também atingiu o maior número de pacientes com necessidade de internação em UTI: foram 10 pessoas transferidas para os leitos de alta complexidade.
Segundo a diretora, há outra variável que vem preocupando os profissionais: a idade das vítimas. A média de idade dos pacientes que chegam aos hospitais diminuiu 10 anos de janeiro para fevereiro, chegando a 59 e, mais recentemente, caiu para 57.
Roberta destacou que é crucial acelerar a vacinação e seguir respeitando as medidas de combate à pandemia. Pediu que a população dê tempo para que o sistema de saúde possa absorver a alta procura por atendimento nos últimos dias, tanto no Tacchini quanto no São Roque. Em Bento Gonçalves, não há condições para abertura de novos leitos: a estrutura busca manter os 45 já existentes e, em meio à grande procura, operando acima do limite, acaba precisando instituir critérios para definir quais pacientes serão priorizados.
Confira a entrevista na íntegra: