Mais de 500 profissionais da rede municipal de educação participaram de um a assembleia no final da tarde desta terça-feira (2), organizada pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv). O principal assunto tratado foi o temor dos profissionais de terem que ir às escolas nesse período em que a cidade vive o pior momento da pandemia.
A regra da bandeira preta permite que 25% dos servidores, entre os funcionários públicos e os terceirizados, frequentem as escolas para manutenção, entrega de materiais às famílias dos alunos, matrículas e demais atividades. Segundo o Sindiserv, essas ações poderiam ser feitas com número mais reduzido de pessoas ou em formato de plantões. Essa é a proposta que a entidade quer discutir com a Secretaria Municipal de Educação (Smed).
– Encaminhamos uma solicitação por escrito (para a Smed) para que reduzisse o número de pessoas nas escolas. A preocupação é grande porque há uma circulação muito grande em função de matrículas, entrega de cestas básicas e material, porque em algumas escolas, uma quantidade considerável de alunos não tem acesso à internet e recebe pelo meio físico as atividades. Queremos propor que se atenda a comunidade, mas de forma mais gradual, para que não coloque ninguém em risco – ponderou a presidente do Sindiserv, Silvana Piroli.
Além disso, a categoria firmou posição na assembleia de que não há condições de retorno presencial às aulas em 15 de março, como estabelece o cronograma da prefeitura. A ideia também nesse caso é discutir alternativas com a Smed.
– Nossa avaliação é que até 15 de março não tem condição sanitária para retornar de forma segura. Ainda não tivemos escolas fechadas, mas é o que vai acontecer se abrir, porque na medida que ficam um, dois oo três doentes, e não tem muita gente, terá que fechar. Queremos voltar a dar aulas (presenciais), mas com grupos de alunos, com codições, com equipamentos, higienização, quando a pandemia estiver em controle, em decréscimo e quem vai dizer isso é a ciência – projeta Silvana.
Uma professora da rede municipal, que prefere não ter o nome divulgado, relata que na instituição em que ela trabalha apenas os docentes de sala de aula não estão indo presencialmente à escola. Os demais estão tendo que cumprir a carga horária nas dependências. Ela conta que cada família de estudante vai ao estabelecimento de ensino uma vez por semana para retirar os materiais impressos com as atividades para os alunos e que, dificilmente, vai apenas uma pessoa. Em geral, os filhos vão junto com o adulto. Isso ocorre em um mesmo dia para todos, o que provoca acúmulo de pessoas na escola. Além disso, muitos dos pais vão de maneira espontânea para realizar a matrícula, sem esperar o agendamento, gerando fluxo extra de pessoas no local. Parte dos profissionais precisa utilizar o transporte coletivo para chegar à escola, um risco a mais. A professora diz que durante todo o ano passado utilizaram o whatsapp para passar as atividades para a maioria dos alunos, mas que, neste ano, a orientação é de que todos recebam de forma física. Ainda falou que os professores estão sem acesso à plataforma classroom usada para estudo remoto na escola.
– Ainda tem aquele termo que os pais têm que assinar, antes das aulas (presenciais) começarem, para dizer se a criança vai ou não. Ontem aconteceu de alunos irem buscar o termo porque os pais estavam com covid. Estamos bem preocupadas – disse a professora.
A rede municipal de ensino tem cerca de 3 mil professores e 40 mil alunos em 83 escolas.
Cada escola se organiza para ter o mínimo necessário de atendimento, diz Secretaria de Educação
A secretária municipal de Educação de Caxias, Sandra Negrini, diz que as equipes diretivas foram orientadas, em 28 de fevereiro, de que 25% dos profissionais é o percentual máximo para cada unidade e que as escolas devem se organizar de forma a manter o número mínimo de profissionais de apoio ao ensino para atendimento às demandas da escola, mesmo naquelas que trabalham em regime de plantão (das 10h às 16h).
– A escola, dada sua necessidade e realidade, organiza os serviços de atendimento à comunidade, especialmente matrículas, entrega de estudos monitorados de forma física às famílias que não têm acesso a meios digitais e/ou possibilidade de impressão dos estudos, fornecimento de documentos, orientações – explicou a secretária.
Segundo a secretaria, das 83 escolas, 78 já estão com seus planos de contingência validados pelo Comitê de Operações Emergenciais (COE) Municipal. Porém, mesmo que eles indiquem a não realização de aulas presenciais em situação de bandeira preta, o decreto estadual prevalecerá, caso o governo do Estado consiga reverter decisão da Justiça que impediu o retorno presencial para a Educação Infantil e 1º e 2º anos do Ensino Fundamental. De qualquer forma, os planos tratam da presença dos alunos e não dos professores.
– As equipes diretivas vem demonstrando algumas preocupações, perfeitamente compreensíveis neste momento. Diante de muitas solicitações, a Secretaria da Educação encaminhou consulta às escolas com a possibilidade de interrupção do ano letivo, neste momento de maior preocupação e incidência de casos na cidade, ou a continuidade do calendário escolar, seguindo os protocolos definidos pelo Governo de Estado, conforme classificação da bandeira para região da Serra – informou a secretária.
Sandra diz ainda que as escolas receberam verbas específicas para a organização do ambiente escolar para atendimento ao Plano de Contingência de cada unidade e que estão sendo disponibilizados os equipamentos de prevenção individuais previstos tanto pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual da Saúde.
O que diz a Secretaria Municipal de Educação sobre outros pontos:
:: É permito o uso de tecnologias para entrega de atividades aos alunos, como whatsapp, email, facebook ou outro meio possível. A forma física é destinada para famílias que não têm acesso a meios digitais ou para alunos de séries iniciais que precisem desenvolver as atividades em papel e cujas famílias não tenham acesso a impressora.
:: A orientação geral é para que as matrículas sejam agendadas com os pais para não gerar aglomerações. A confirmação da matrícula pode ser feita pelo whatsapp.
:: A prefeitura vai licitar internet para dar acesso aos professores à plataforma classroom.