O segundo ano da Páscoa em meio à pandemia tende a ser um pouco melhor em Caxias do Sul. Ao menos é isso que indica a pesquisa de intenção de compras apurada pelo Núcleo de Informações de Mercado da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) no município, com perspectiva de 10% de aumento em relação às vendas do ano passado. No comércio, a procura por ovos parece estar acompanhado essa tendência — ainda que o movimento maior seja esperado para o final desta semana — mas o produto que vem ganhando cada vez mais preferência é o chocolate em barra.
— A movimentação está melhor este ano, mas a gente percebe que a cada ano o chocolate em barra está saindo mais nessa época, porque acaba sendo mais em conta e as pessoas derretem para fazer os ovos em casa. Além disso, os preços dos ovos vão ficando cada vez mais elevados e agora, nesta crise, mais do que nunca, isso está fazendo a diferença — relata Elenir Luiz Bonetto, proprietário da Chocolate & Cia, que vende doces e decorações há uma década em Caxias do Sul.
Segundo ele, desde fevereiro, quando foram iniciadas as ações da Páscoa no comércio, a venda da guloseima é 60% das opções em barra e 40% dos ovos, sendo a segunda opção mais procurada para o público infantil, com opções que contenham brinquedos. Os valores realmente apresentam boa diferença: enquanto as barras variam de R$ 21,50 até R$ 47,90 (com preço mais elevado referente à barra de 1 kg), os ovos, na loja consultada, variam de R$ 26,90 até R$ 99,90 (sendo o mais caro referente a um item de 365 gramas). Bonetto destaca que os preços variam não apenas pelo tamanho, mas também de acordo com as marcas.
— A grande vantagem é que barra consigo vender o ano inteiro. O ovo, se não vendo, não tem devolução — comenta o comerciante, que acabou optando por um estoque menor do item neste ano.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sindigêneros), Eduardo Slomp, afirma que este comportamento ocorreu em todo o setor, com redução de 15% na compra de estoque de ovos para a Páscoa 2021 em relação a 2020.
— As pessoas migraram para a versão em barra ou mesmo para as caixas de bombom, que são mais baratas ou mais simples e, neste momento de pandemia, as pessoas estão com menos dinheiro. Este foi o ano em que o comércio menos investiu em ovos de chocolate, até porque eles não são mais "a grande venda". E no ano passado sobrou muito estoque — comenta Slomp.
No ano passado, a mercadoria "encalhada" foi um problema para a comerciante Janeti Simoni Gerhard, que gerencia a Choco Store, em Farroupilha. A repentina queda de procura em função do início da pandemia fez com que ela buscasse renegociação junto aos fornecedores para conseguir vender mais barato o estoque.
— Neste ano decidimos comprar menos ovos e até a fabricação foi menor, mas o consumo parece estar aumentando. As pessoas estão comprando mais do que no ano passado, até porque estão mais habituadas com a situação de pandemia, com os protocolos também — observa a comerciante.
Diante da queda de 50% na venda de ovos de Páscoa que a loja dela teve em 2020, pelo menos 30% já foram recuperados e, agora, a expectativa é de que o movimento desta semana também seja maior.
— As pessoas costumam deixar para a última hora, até para aguardarem as promoções. Mas, como estamos com menos estoque, alguns ovos mais procurados já esgotaram e pode ser que a pessoa que esperar não encontre mais o ovo que deseja — alerta Janeti.
Em Caxias do Sul, a pesquisa da CDL indica que a semana que antecede a data comemorativa deve concentrar 79,5% das vendas, sendo que 40,54% dos entrevistados deixarão para comprar na véspera ou no dia.
Ovos caseiros ganham espaço
Enquanto os ovos de chocolate perdem força no mercado tradicional, quem investe nas versões diferenciadas e caseiras do produto, como o chamado "ovo de colher", está obtendo sucesso.
— Começamos a produzir neste ano porque vimos que as pessoas estavam querendo. Estipulamos uma meta que já considerávamos alta e acabamos triplicando ela — relata Priscila Kramer, sócia-proprietária da Sweet Brigadeiros e Afins.
Ela relata que, junto da sócia Ana Cláudia Borges, passou a trabalhar cerca de 12 horas por dia para dar conta dos pedidos que entraram desde que o cardápio foi lançado, no início de março. Ambas moram no bairro Jardim América e produzem em casa os diferentes sabores dos ovos, vendidos nas versões de 400 g e 800 g, com preços de R$ 25 a R$ 60, que podem variar conforme o sabor desejado.
Para a confeitaria caxiense, a Páscoa tornou-se a segunda data mais movimentada do ano, ficando atrás apenas do Natal.
— A Páscoa é sinônimo de ovos de chocolate e o pessoal acaba preferindo este formato, que é praticamente personalizado, feito com muito carinho e dedicação de forma 100% artesanal — completa Priscila.