As duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Caxias do Sul estão com a capacidade esgotada por causa do avanço da pandemia. Na manhã desta terça-feira (15), há 60 pacientes em regime de observação. Segundo o diretor da rede municipal de Urgência e Emergência, Fabio Baldiserotto, a assistência hospitalar é a mais apropriada neste momento, mas não há vagas suficientes. O boletim da Secretaria Municipal da Saúde de segunda-feira (15), o mais recente divulgado, mostra que superlotação de leitos clínicos do SUS para tratamento da covid-19 em hospitais.
Somadas, as duas UPAS de Caxias do Sul – a Central e a da Zona Norte – têm regularmente 45 leitos para observações e emergências. E a expansão da rede não tem sido suficiente para a demanda. Seis novas vagas foram abertas na UPA da Zona Norte na segunda-feira (14) e cinco já estão ocupadas. Assim, parte dos pacientes precisam ficar em espaços improvisados, como poltronas.
Fora o desconforto, outras dificuldades se apresentam, como o abastecimento de oxigênio. Todos os pontos regulares estão sendo usados e, por isso, é preciso utilizar cilindros para outra parte dos pacientes. Na noite de segunda-feira (14), eram 11 dependentes desses aparelhos improvisados. No entanto, a retirada desses cilindros reduz a capacidade de fornecimento para a rede. Essa situação crítica coloca ainda mais em evidência a preocupação com o coronavírus, já que falta de ar costuma estar associada a quadros graves da doença.
Baldisserotto diz que 85% dos pacientes na rede de emergência hoje têm covid-19 e alerta que, mesmo quem sofre com outras condições de saúde, pode ser afetado pelo “caos” atual diante da falta de capacidade de atendimento:
— A situação está extremamente crítica. A previsão é de piorar nos próximos dias — projeta.
Não bastasse o desafio de estrutura e equipamentos, as UPAs também sofrem com a falta de mão de obra. Cerca de 30% dos funcionários estão afastados, seja por terem contraído o coronavírus ou por esgotamento em função do excesso de trabalho nos últimos meses.
— Nas fachadas (das UPAs), tu não vais enxergar o caos que está na parte interna. Quem sabe a situação real é quem está com um familiar nas UPAs ou nos hospitais — afirma.
Onde buscar atendimento
O esgotamento da rede de urgência e emergência faz com que não haja prazo para atendimento dos pacientes que chegam com quadros de saúde leves, os que se enquadram nas fichas azuis e verdes do sistema de triagem. A atenção está totalmente voltada para quem está em situação grave, ou seja, com risco de morrer.
Por isso, Baldisserotto reforça que procura pelas UPAs deve se restringir a esses pacientes. Quem tem covid-19 tem que se dirigir às unidades em caso de falta de ar ou cansaço excessivo para cumprir tarefas rotineiras. Os demais pacientes são orientados que buscar os postos de saúde. A rede básica é capaz de fornecer o suporte necessário para casos leves, encaminhamento para exames e atestados para afastamento do trabalho por causa de problemas de saúde.