A procura diária de testes para identificar a covid-19 aumentou 57% na rede pública de saúde em Caxias do Sul em março. Em fevereiro, foram 3.303 pacientes testados, o que significa uma média de 118 por dia. De 1º de março até agora, foram 1.486, o que representa 186 testes por dia.
Esse é um dos indicadores do avanço da pandemia na cidade. Como o resultado do teste RT-PCR demora em média 10 dias para ficar pronto no SUS e os sintomas aparecem normalmente próximo ao quinto dia de infecção, existe um atraso de cerca duas semanas até que um paciente que começou a apresentar os sintomas entre na lista de confirmações. Até a atualização mais recente, na sexta-feira (6), quase 1,7 mil pessoas aguardavam os resultados de exames em Caxias. Para se ter uma ideia, em 8 de fevereiro, eram 583 pessoas nessa condição.
E não só a rede pública percebeu o aumento na procura por exames. No laboratório da Universidade de Caxias do Sul (UCS), também houve um crescimento nos últimos 10 dias. O diretor da Área de Ciências da Vida, Asdrubal Falavigna, conta que a positividade em janeiro e fevereiro, cujos dados já foram contabilizados, foi de 30%. O número ainda é menor do registrado em novembro e dezembro, quando foi de 41%, mas maior que o período de julho a setembro, quando estava em 24%.
Em média, o resultado dos exames moleculares (RT-PCR), que são o padrão-ouro para identificação da doença, tem demorado um dia para ficar pronto na UCS e também no Laboratório Diagnose, outro consultado pela reportagem. A realização dos testes tem de ser comunicada à Secretaria Municipal da Saúde e entra na conta que expressa o cenário da pandemia.
Quase 5,2 mil pessoas tiveram resultados positivos para o coronavírus em Caxias entre 3 de fevereiro e 5 de março, o que representa um período de 30 dias. A média é de 172 pacientes com a confirmação da doença diariamente. Os dados publicados não especificam o tipo de teste feito, que têm aplicabilidades diferentes.
Os rápidos, por exemplo, podem identificar se a pessoa já tem anticorpos e, portanto, não têm a capacidade de diagnosticar a doença no início. Os antígenos, que têm coleta feita por meio da busca de material pelo nariz ou boca e têm sido realizados em farmácias, oferecem resultados em poucas horas, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que estes devem ser priorizados para casos sintomáticos, em especial onde os moleculares são de difícil acesso. A OMS destaca que o RT-PCR, que também tem a coleta feita pelo nariz, são os mais precisos.
O biomédico Matheus Costa, do Laboratório Diagnose, explica que os testes moleculares (RT-PCR) usam métodos que permitem diagnosticar a doença mesmo que ainda que seja baixa a carga viral do paciente. Ele sugere cautela em relação ao uso dos demais testes, porque diz que resultado falso-negativo é mais comum e pode dar a sensação de maior liberdade de circulação para pessoas que, na verdade, estão contaminadas.