O colapso do sistema de saúde é uma realidade. Se em Caxias do Sul a lista de espera por leitos de UTI já é uma crescente, municípios menores da região também apresentam um quadro preocupante de esgotamento das alternativas para tratamento intensivo. Em Garibaldi, que há pouco mais de um mês, no dia 1º de fevereiro, constatava nove casos ativos de covid-19, enfrenta uma alta de mais de 2300%, com 224 pessoas contaminadas, segundo o mais recente boletim divulgado na tarde deste sábado (6). A ocupação das UTIs na cidade é de 110%. Diante da situação, a pneumologista e coordenadora da UTI covid do Hospital Beneficente São Pedro, Lilian Pasin Jacobi, surgiu em vídeo divulgado pela própria prefeitura municipal pedindo maior conscientização da população. Ela chamou atenção especialmente para os jovens, cujo perfil é o com incidência crescente atualmente.
— Não está fácil. O perfil de pacientes que temos hoje procurando atendimento e sendo internados em enfermaria e UTI é totalmente diferente do que víamos ano passado. Estamos recebendo pacientes com 17 anos, 20, 30, 40 anos. Chegam pedindo ajuda, com um curto tempo de doença e já precisam de suporte de oxigênio — informou.
E complementou com o apelo:
— Peço em nome do hospital e de todos os funcionários da linha de frente da saúde, que saía para trabalhar só quem pode sair para trabalhar, mas se preserve ao máximo, não se aglomere, não façam festas, não pensem que esse vírus não existe e não vai acontecer na família de vocês. Essa semana na nossa cidade foi muito doloroso para muitas famílias
Lilian lembrou que não só a cidade não dispõe de oferta de leitos, como toda a região da Serra:
— Dependemos uns dos outros para que não precisemos pedir leito. Não temos leitos, estão esgotados não só na nossa cidade, mas na região. Se eu adoecer não terei onde ficar, você também não. Façam o que tem de ser feito, use a máscara, proteja a si e proteja o outro, lave as mãos e evite aglomerações.
Fiscalização intensificada
Conforme nota da prefeitura, o Hospital Beneficente São Pedro dispõe de 10 vagas na UTI e até a tarde deste sábado, 11 pacientes necessitavam do atendimento.
Após visita à instituição, o prefeito de Garibaldi, Alex Carniel, reconheceu a situação como "preocupante".
— Não sabemos se todos serão atendidos. O número de casos positivados no município é alto e precisamos adotar medidas mais enérgicas para que possamos controlar a circulação desse vírus. Peço encarecidamente que cada garibaldense valorize a sua vida e proteja a do outro. Sem descuidar das consequências econômicas, o momento é de extrema atenção e exige cuidados redobrados — defendeu Carniel.
Há duas semanas, o prefeito reconhecia o aumento de casos, mas avaliava a situação das internações como tranquila. Na ocasião, inclusive, disse achar a bandeira preta uma classificação "radical demais" por parte do Estado.
A prefeitura anunciou que em razão do aumento da demanda hospitalar estará intensificando a fiscalização.