Os produtores rurais que vendem frutas, verduras e hortaliças nas 60 bancas instaladas na área central de Bento Gonçalves todos os sábados não puderam ir até a Rua Barão do Rio Branco para trabalhar neste final de semana. Uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul suspendeu a realização da feira por conta dos riscos causados pela aglomeração de público. O impasse não é de agora. Ainda em 27 de fevereiro, a prefeitura publicou uma orientação para que a feira não acontecesse, mas o sindicato da categoria obteve uma liminar. Por conta disso, as vendas ocorreram normalmente em 27 e 6 de março.
Segundo o secretário de Desenvolvimento da Agricultura de Bento Gonçalves, Volnei Christofoli, na última terça-feira (9) a prefeitura decretou novamente a suspensão, mas na quinta-feira (11) o sindicato obteve nova liminar com a autorização para o funcionamento. Depois disso, a prefeitura recorreu e, às 18h de sexta-feira (12), o município recebeu resposta favorável à suspensão.
— Não somos contra a feira, aliás muito a favor, tanto que estamos estudando melhorias. É que infelizmente isso ocorre em todos os lugares por causa da pandemia. A ideia não é prejudicar, mas sim preservar vidas. As feiras são muito frequentadas por idosos. Devemos evitar esse tipo de situação e resguardar a vida das pessoas — diz.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Cedenir Postal, cita que os agricultores souberam da decisão depois de já terem efetuado a colheita e preparado os produtos que iriam comercializar neste sábado. Por conta disso, parte deles permaneceu próximo ao local onde a feira funcionaria em forma de protesto por cerca de duas horas. A rua estava bloqueada e, por isso, foi realizada uma carreata pelas ruas centrais.
— Fizemos doações dos produtos para instituições e lares de idosos. Em torno de umas dez caixas de frutas foram doadas à UPA. Pretendemos debater essa situação com a administração municipal. Sabemos que as feiras ocorrem em outros municípios de maneira organizada — afirma.
Com a decisão da Justiça, as feiras ecológicas que ocorrem às terças e quintas-feiras na Cidade Alta também ficam prejudicadas. Como as atividades costumam reunir público menor - são cerca de seis bancas -, o secretário pretende entrar em um consenso para funcionamento a partir de segunda-feira (15).
Em Caxias, mais espaços para as bancas
Outro município onde as aglomerações viraram rotinas em feiras é Caxias do Sul. Na sexta-feira passada (5), as principais estavam lotadas, especialmente o Ponto de Safra, na Avenida Julio de Castilhos em frente à Praça Dante Alighieri. A atividade neste local sofreu alterações desde sexta (12). Segundo a prefeitura, a feira passou a ter as bancas colocadas nos dois lados do calçamento, o que amplia o espaço entre os pontos de venda e melhora a mobilidade urbana do trecho.
O Ponto de Safra na Avenida Julio conta com 30 espaços para os produtores. Foram colocadas placas e em todos os pontos para indicar distanciamento entre os clientes, além de álcool gel e cordão de isolamento entre consumidores e comerciantes. O Ponto de Safra ocorre às sextas-feiras das 6h às 17h. Conforme o secretário de Agricultura em Caxias, Rudimar Menegotto, as Feiras do Agricultor, que ocorrem nos bairros, ainda não são um agravante para a prefeitura, porque têm menor público.
— A preocupação era mais o Ponto de Safra porque a localização atrai muita circulação de quem está de passagem pelo Centro — disse.