O modelo de cogestão adotado em municípios da Serra a partir desta segunda-feira (22) não traduz um cenário de tranquilidade na área da saúde. Enquanto flexibilizam as normas para o funcionamento dos setores econômicos, as prefeituras ainda têm que lidar com a sobrecarga nas unidades de terapia intensiva (UTI). Os dados publicados pelo Estado mostram que na manhã desta segunda-feira(22) a taxa de ocupação da terapia intensiva estava em 110% na Serra, considerando-se a rede pública e a privada. Isso significa que não há leitos para todos os pacientes com quadros críticos de saúde. São 39 pessoas acomodadas em espaços improvisados enquanto aguardam transferência para UTIs regulares.
Dos 413 internados em UTI ou à espera de uma vaga, a maioria está com diagnóstico de coronavírus ou aguardando o resultado do exame por apresentar quadro de síndrome respiratória aguda grave, um dos sintomas da covid-19. Do total, 70 estão internados por outras doenças. Isso significa que há um ano, ainda no início da epidemia na região, os então 150 leitos instalados na Serra seriam suficientes para atender a demanda, enquanto a oferta atual – que aumentou para 374 leitos – é incapaz de suportar a necessidade da rede hospitalar.
Apesar da variação constante e comum nas UTIs, os dados públicos mostram que a ocupação não apresenta uma tendência de queda consolidada. Os municípios mais populosos da Serra continuam apresentando altos índices de ocupação de UTI. Em Caxias do Sul, são 20 pacientes na lista de espera.
— A preocupação permanece. Mas reforço que, se as medidas de prevenção — distanciamento, máscara, álcool (gel para higienização das mãos), sem aglomerações — forem mantidas e respeitadas pelas empresas/serviços e pela população, poderemos enfrentar a pandemia sem maiores prejuízos a nossa saúde e a economia — afirma a secretária da Saúde de Caxias, Daniele Meneguzzi.
Em Bento Gonçalves, são outros 19 pacientes aguardando por vagas em UTIs. O Hospital Tacchini, único do município, divulgou em 7 de março que a estrutura colapsou ao chegar a 140%. Nesta segunda-feira (22), o índice é de 142%. A secretária da Saúde de Bento Gonçalves, Tatiane Misturini Fiorio, afirma que os protocolos já estabelecidos para garantir a segurança sanitária mesmo com a abertura das atividades econômicas, quando cumpridos integralmente, são suficientes para que o vírus não se dissemine:
— Essa cogestão é imprescindível nesse momento em que a gente entende de necessidade de flexibilização e para que a gente consiga, dentro da nossa realidade, fazer esse equilíbrio entre saúde e economia. E que a gente consiga passar por essa situação como nós viemos até o momento. Bento Gonçalves conseguiu prestar todo o atendimento aos seus pacientes. Nenhum paciente ficou sem atendimento, nenhum paciente veio a óbito por falta de UTI ou atendimento nesse momento.