O aumento do rigor das medidas restritivas determinadas pelo governo do Estado surtiu efeito. Na tarde deste sábado (6), a reportagem do Pioneiro percorreu o quadrilátero central de Caxias e percebeu movimentação tranquila de pedestres, embora com registro de passeios e pessoas ocupando bancos da Praça Dante Alighieri, onde inclusive interagiam socialmente.
Também destoou da circulação reduzida a presença maior de público em mercados e lotéricas abertas, que apresentavam filas. No caso dos mercados, a situação decorre do controle de acesso de clientes, medida que foi seguida à risca pelos estabelecimentos do Centro. A maior procura pelos estabelecimentos de comércio alimentício, inclusive, foi perceptível em locais fora da área central, segundo o diretor técnico da Vigilância Sanitária de Caxias, Rodrigo Zardo.
— Os mercados estão cheios, dentro do permitido, mas a população precisa entender que os mercados são essenciais e não precisa ir enlouquecidamente como foi no início da pandemia. Mercado não vai ser fechado. A população precisa nos ajudar — afirmou Zardo, fazendo referência à primeira semana de restrições, em março do ano passado.
Com relação ao comércio, apesar de tecnicamente com funcionamento restrito à entregas, algumas lojas permaneceram com as portas semiabertas, especialmente em trecho da Rua Sinimbu e na Avenida Júlio de Castilhos. Um dos estabelecimentos fechou a porta ao perceber a presença da reportagem. A maioria dos locais, entretanto, respeitou a determinação de fechamento.
O trânsito também registrou movimentação acentuada, tanto na circulação como em filas de drive-thrus. Situação que em parte pode ter sido resultado da redução de itinerários no transporte coletivo.
Passeios e contas a pagar
Do público que circulava na rua, a maior predominância era de pessoas com sacolas de supermercados ou em exercícios de corrida ou caminhada. Ainda assim, não foi incomum grupos passeando, consumindo sorvete ou interagindo na principal praça da cidade, a Dante Alighieri.
A reportagem questionou um idoso de 80 anos, que preferiu não se identificar, que conversava com um amigo na praça a respeito das medidas restritivas.
— Eu não dependo do Estado e ainda querem que a gente fique enclausurado — afirmou o aposentado.
Perguntado se não temia ficar exposto ao vírus, ele admitiu que sim, mas declarou que "todos deveriam fazer a sua parte", embora tenha reconhecido a necessidade de sair de casa:
— Tem que dar uma saída de vez em quando.
Duas mulheres e uma criança tomando sorvete também nos arredores da praça Dante foram abordadas pelo Pioneiro. Constrangida, uma delas, moradora do Arco Baleno, disse concordar que as medidas determinadas são necessárias. Questionada sobre o risco de estarem expostas ao vírus, Sheila Duarte assentiu, mas alegou que se deslocou ao Centro para pagar contas.
— A gente só vem um pouquinho e já vai pra casa.
Exposição inevitável
Moradores do Campos da Serra, o técnico de sistemas de segurança Altemir Carneiro e a diarista Madalena Martins garantiram que só saem de casa quando necessário.
— Tá sendo feito o que é necessário (sobre as restrições). O problema foi o carnaval, que um monte de gente se expos sem proteção. A gente só sai quando necessário, quando precisa pagar conta ou ir no mercado — afirmou Altemir.
Já Madalena, que circula com maior frequência em razão da sua função profissional, contestou a exposição que a população está sujeita no próprio serviço público:
— A gente se cuida, mas aí quando pega ônibus tá sempre lotado, daí não adianta.