O Estado vai permanecer mais duas semanas sob as regras da bandeira preta, ou seja, até 21 de março. Até lá, fica suspensa também a cogestão para os municípios. A suspensão de atividades das 20h às 5h seguirá até o dia 31 deste mês. Outras medidas emergenciais foram anunciadas pelo governador Eduardo Leite, em transmissão ao vivo na tarde desta sexta-feira (5).
O anúncio ocorreu depois de reunião com as associações regionais de municípios e a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). O Estado inteiro está em classificação de altíssimo risco de contágio desde o último sábado, dia 27 de fevereiro.
Entre as restrições anunciadas nesta tarde está a proibição de comercialização de itens não essenciais nos supermercados (eletrodomésticos, roupas e calçados, por exemplo), algo que a prefeitura de Caxias do Sul já havia determinado nesta quinta e que entra em vigor na cidade neste sábado. A regra estadual começa a valer a partir de segunda-feira, dia 8. Também foi vedado o banho de mar e de esportes náuticos no Litoral gaúcho, em rios e lagos. A ideia é evitar aglomerações.
O Estado também vai lançar um portal online estadual para denúncias. Ainda serão disponibilizadas peças gráficas para as prefeituras sobre as proibições para serem dispostas em praças e outros locais públicos.
O novo decreto será publicado ainda nesta sexta-feira.
A indústria continua operando com 75% dos trabalhadores. Sobre os jogos de futebol, Leite disse que o assunto foi lançado para discussão no fórum de governadores, porque entende que é o caso de suspender no âmbito nacional. Quanto ao campeonato gaúcho, o governo estuda a suspensão, mas ainda não houve definição.
O Estado abriu cadastro para profissionais da área da saúde e voluntários. Em três dias do lançamento da plataforma, mais de três mil pessoas já se cadastraram. O cadastro pode ser feito pelo site ti.saude.rs.gov.br/covid19/profissionais.
O governador apresentou dados desta sexta sobre a pandemia. Entre eles o de que mais de 7,2 mil pessoas ocupam leitos clínicos e de UTIs no Estado, mais do que o dobro dos picos anteriores da doença. Enquanto, nos picos anteriores a média de internação em leito de UTI era entre 9 e 10 por dia, agora é de 54, cinco vezes mais.
– Precisamos contar contigo, com a tua família, com teus amigos. Não aglomerem. Se nós tivermos, nas próximas duas semanas, a menor circulação possível de pessoas, vamos estar salvando vidas – pediu o governador.
O Sindicato do Lojistas de Caxias do Sul (Sindilojas) lamentou ter de ficar mais duas semanas de portas fechadas e disse que vai buscar alternativas quanto a situação dos funcionários. Os lojistas dizem que não têm como acrescentar tantos dias no banco de horas dos empregados. Na segunda ou teça-feira, a entidade deve se reunir com o Sindicato dos Comerciários para negociar a possibilidade de redução de salários, mesmo sem o auxílio do governo federal como ocorreu no ano passado. Outra medida deve ser o adiantamento do período aquisitivo de férias.
A presidente Idalice Manchini considera que à restrição de venda de produtos não essenciais nos supermercados, já adotada em Caxias e, agora, em âmbito estadual é um avanço contra a concorrência desleal.
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul emitiu nota dizendo que "recebeu com extrema insatisfação a decisão do Estado. Apesar de reconhecer a gravidade da situação na área da saúde, a entidade entende que a vida e a economia precisam estar atreladas." Segundo o presidente, Renato S. Corso, todo o comércio e todos os serviços são essenciais, sendo fonte de renda para milhares de famílias. O dirigente também critica a decisão do governo do Estado em ter deixado a situação chegar a esta gravidade, que poderia ter sido evitada com medidas mais restritivas em épocas de Réveillon e Carnaval, por exemplo, quando grandes aglomerações aconteceram.
O presidente da Famurs, Maneco Hassen solicitou ao governo ajuda na mobilização para a manutenções dos auxílios emergenciais. Segundo Maneco, é preciso ampliar o diálogo na bancada federal para garantir o pagamento do benefício e deixar a população minimamente estável. Outro pedido de Maneco foi retomar o debate sobre as linhas de crédito subsidiadas e ofertadas por bancos públicos do estado para os setores mais atingidos com a crise, como o de eventos, o cultural e de empreendedores individuais.