Uma carta aberta formulada pelo Comitê Popular de Crise defende um lockdown de, no mínimo, 14 dias em Caxias do Sul. O grupo é formado por 50 entidades entre associações de moradores de bairros (Amobs), sindicatos, conselhos regionais de profissionais de saúde, Conselho Municipal de Saúde (CMS), entre outras entidades representativas. O lockdown é o fechamento de todas as atividades não ligadas à alimentação e saúde somado à proibição da população de sair de casa, exceto em extrema necessidade. Medidas assim não chegaram a ser adotadas em Caxias do Sul até agora.
De acordo com Thales Silva, 23 anos, estudante de enfermagem e um dos idealizadores do comitê, um fechamento total das atividades por duas semanas poderia ser mais efetivo no combate à doença e trazer menos prejuízo à economia em comparação com medidas parciais adotadas até agora. Além disso, a entidade aponta a falta de colaboração de parcela da população.
— Não se cumprem as regras do jeito que se deveria. Passamos em muitas lojas e vemos pessoas com máscaras no queixo e muitos restaurantes também não seguem as normas — aponta.
Além do lockdown, a carta também defende outras quatro medidas: vacinação em massa, com ampliação de fornecedores, garantia do reforço do atendimento de saúde, auxílio emergencial e medidas econômicas e participação popular no gabinete de crise, além de acesso aos dados da Secretaria da Saúde e transparência das informações. Este último item, inclusive, é um dos motivos que levaram à criação do Comitê Popular de Crise, já que o CMS não integra o gabinete montado pela administração municipal.
A carta foi encaminhada à prefeitura de Caxias do Sul, à Câmara de Vereadores e à 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (5ª CRS). Segundo Cristiano Becker, chefe de gabinete do prefeito Adiló Didomenico (PSDB), o documento foi recebido na tarde de sexta-feira (19) e uma reunião entre o prefeito e o grupo está marcada para a próxima quarta-feira (24), às 14h.
As solicitações da carta ainda serão discutidas, mas Becker adianta que lockdown e auxílio emergencial municipal são medidas improváveis.
— Tem coisas que são possíveis, sim, e outras precisam ser melhor analisadas. Vamos nos reunir com eles e dar ouvidos. Temos que trabalhar para minimizar os danos — afirma.