O fato do Governo do Estado do Rio Grande do Sul ceder aos pedidos de lideranças regionais em manter a cogestão no modelo de distanciamento controlado, mesmo em bandeira preta, foi avaliada como positiva pelos prefeitos dos municípios da Serra Gaúcha, nesta segunda-feira (22). O anúncio de medidas mais restritivas, como a ampliação do horário de suspensão das atividades também será acatado por todos.
Para o presidente da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste Gaúcho (Amesne), José Carlos Breda, o resultado final é satisfatório. Ainda mais com a liberação para que a educação infantil possa seguir com as aulas presenciais.
— Ficou razoável pelo atual momento. Essas restrições das atividades das 20h até as 5h, pelo que eu entendo, excetuando as indústrias e o atendimento ao público, mas permitindo o funcionamento da Educação Infantil e dos anos iniciais são satisfatórias — diz Breda, prefeito de Cotiporã.
Enquanto o chefe do poder municipal de Caxias do Sul irá se pronunciar apenas na terça-feira (23), os prefeitos das principais cidades da Serra já comentaram sobre as novas determinações da bandeira preta. Diogo Siqueira, de Bento Gonçalves, ressaltou o momento delicado da pandemia no município e em todo o Estado:
— Hoje (segunda) nós tivemos, aqui em Bento Gonçalves, o nosso maior número de atendimentos na nossa tenda. Seguiremos o regramento, defendendo a cogestão e vamos fazer uma fiscalização muito rígida. Peço a cada cidadão para ter todo o cuidado possível, os casos estão aumentando, a rede de saúde fica saturada e isso cria uma enorme dificuldade.
Em Bento, as aulas da rede pública no ensino infantil serão retomadas nesta terça, enquanto os primeiros anos devem começar no dia 1º de março. Na rede privada, as aulas estão autorizadas para serem retomadas.
No município de Canela, região das Hortênsias, o prefeito Constantino Orsolin promete seguir os regramentos da bandeira preta, dando a entender que não usará os critérios da cogestão. Segundo ele, os números da rede hospitalar e o crescimento nos atendimentos exigem essa postura. Apenas as aulas do ensino infantil e primeiros anos do fundamental estão garantidas para serem retomadas na próxima semana.
— Vamos seguir fielmente o Governo do Estado em seu decreto, portanto seguiremos a bandeira preta. Muitas atividades serão fechadas, outras nem tanto como os serviços essenciais. Isso que estamos colhendo agora também é fruto das nossas irresponsabilidades, nossas aglomerações, falta do uso de máscara e assim por diante. Para o Governo do Estado adotar essas medidas significa que estamos num momento muito perigoso, estamos próximos de um lockdown. Se a gente não quiser chegar nesse ponto, eu peço ao povo de Canela para que assumamos nossas responsabilidades — ressaltou Constantino Orsolin.
Confira o que disseram os prefeitos da região:
"Não gostaríamos que fosse desta maneira, porém entendemos que as medidas apresentadas pelo Governo do Estado são necessárias. Costumeiramente, Gramado vivencia neste período uma menor movimentação turística e acreditamos que medidas mais rígidas em curto intervalo de tempo serão fundamentais para a redução no número de casos e mortes causadas pelo coronavírus. Tão logo ocorra a queda nos índices do nosso hospital poderemos reabrir nossos comércios, escolas e empresas com segurança. Neste momento, precisamos de todos e a responsabilidade é fundamental". Nestor Tissot, prefeito de Gramado.
"A nossa contrapartida é iniciarmos uma fiscalização, que é fundamental para que não possamos mais ter aglomerações, festas clandestinas e tomarmos algumas medidas em Farroupilha. Proibimos as mesas em calçadas públicas, eles podem ter atendimento apenas até as 20h. Depois, poderão ter as telentregas e, assim, estaremos contribuindo para continuar com indústria, comércio e serviços abertos. Também retornando as aulas, as escolas municipais começando pelo ensino infantil, pelo primeiro e segundo anos. A responsabilidade de intensificar as fiscalizações é fundamental para o êxito do nosso projeto, porque as hospitalizações estão aumentando e leitos de UTI cada vez mais difíceis". Fabiano Feltrin, prefeito de Farroupilha.