Pelo menos quatro dos seis hospitais de Caxias do Sul suspenderam a realização de cirurgias eletivas (as agendadas que não são de urgência e emergência). Em dois deles (Pompéia e Virvi Ramos), a decisão ocorreu nesta segunda-feira (22). O Hospital da Unimed já tinha anunciado a medida na quinta-feira da semana passada. O Hospital Geral, único que atende 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade, suspendeu os procedimentos deste tipo na última sexta. No Círculo, a decisão ocorrerá após a definição da bandeira definitiva da região no Modelo de Distanciamento Controlado, que será divulgada no final desta tarde. O Hospital Saúde não informou.
Na manhã desta segunda, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) divulgou a recomendação pela suspensão, que partiu do Centro de Operação de Emergência (COE) para covid-19 do Estado ainda na sexta-feira. O documento orienta que os hospitais de todo o Estado suspendam as cirurgias não emergenciais até 31 de março. Nesse período, as equipes técnicas, a área física e os equipamentos hospitalares devem ser disponibilizados na integralidade para atendimento a pacientes suspeitos ou confirmados de covid-19. A medida foi tomada em função do crescimento acelerado no número de internações nos últimos dias. Na tarde desta segunda, a lotação dos leitos de UTI adulta no Estado era de 86%, com 1.130 pacientes confirmados no setor e outros 207 com a suspeita ou outro agravo respiratório, além de 971 por outras causas. Outras 2,7 mil pessoas seguem internadas por covid-19 (confirmada ou suspeita) ou outros problemas respiratórios fora de UTI. De acordo com o comitê estadual, a evolução dos casos suspeitos ou confirmados da doença será avaliada semanalmente e que, em decorrência disso, as cirurgias eletivas podem ser retomadas a qualquer momento.
Na nota oficial, o COE apontou os casos em que os procedimentos são inadiáveis: pacientes gestantes, recém-nascidos e puérperas (que deram à luz recentemente); pós-cirúrgicos para todos os tipos de cirurgias já realizadas; pacientes oncológicos, de cardiologia, neurologia, pediatria e traumatologia.
Quando o número de pacientes ultrapassou a quantidade de leitos de UTI, na quinta-feira, o Hospital da Unimed suspendeu as eletivas e, assim como em dezembro passado, utilizou um dos blocos cirúrgicos para abrir 10 novas vagas. Foram seis na sexta e outras quatro nesta segunda, somando 45 no hospital (36 ocupadas).
No Virvi Ramos, foram suspensas, nesta segunda, todas as eletivas que necessitem de internação clínica ou UTI no pós-operatório. As que estavam agendadas até quarta-feira (24) ainda serão realizadas. As demais serão reagendadas. As cirurgias de emergência estão mantidas, assim como os procedimentos ambulatoriais que não necessitam de ocupação de leitos. Nesta tarde, dos 32 leitos, 28 estão com pacientes.
No Pompéia, todas as cirurgias eletivas que demandam leitos de UTI e Unidade de Internação também foram suspensas nesta segunda. As cirurgias ambulatoriais, que não necessitam de internação, estão mantidas. Das 37 vagas, 31 estão ocupadas.
A situação é diferente no Hospital do Círculo. A direção argumenta que está com ocupação amena mas que, caso a região permaneça em bandeira preta, suspenderá os procedimentos cirúrgicos eletivos marcados para esta semana. A ocupação é de 71% nesta tarde (15 de 22 existentes).
– Pela situação interna do hospital, hoje não precisaríamos suspender as cirurgias. Temos preocupações com nossos clientes e sabemos das repercussões negativas destas suspensões no decorrer do período da pandemia. Mas o momento nos obriga a sermos cautelosos e tomarmos medidas antecipadas para garantir estrutura de atendimento para os próximos dias e expormos o mínimo possível nossos clientes eletivos ao risco de contágio pelos contatos que esta movimentação gera – ponderou a diretora Isabel Bertuol.
O Hospital Saúde não respondeu à pergunta da reportagem sobre a suspensão. A ocupação nesta tarde é de 70% (sete de 10 leitos). As ocupações dos hospitais constam no painel da prefeitura, que reúne dados da covid-19.
Em Bento Gonçalves, o Hospital Tacchini reduziu as cirurgias eletivas ainda no dia 15 de dezembro do ano passado, priorizando os procedimentos oncológicos, cuja não execução pode causar risco de agravamento do quadro de saúde do paciente. Segundo o hospital, o fluxo de trabalho é reorganizado diariamente, de acordo com a ocupação atual da UTI adulta. Nesta semana, em função da diminuição do número de vagas disponíveis, até mesmo as cirurgias oncológicas precisaram ser reagendadas. Nesta segunda à tarde, 42 dos 45 leitos de UTI adulta do hospital estavam ocupados.