A possibilidade de manter as atividades econômicas abertas durante o período de vigência da bandeira preta, no modelo de distanciamento controlado do Governo do Rio Grande do Sul, anunciado nesta segunda-feira (22), soou como um alento para as principais entidades representativas de Caxias do Sul. Além do comércio, quem mais comemorou foram as instituições de ensino.
Segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), após reuniões com o conselho de crise, Famurs e o gabinete de crise, as aulas no ensino infantil, assim como os primeiros dois anos do fundamental estão liberados para funcionar em bandeira preta. Esse era um ponto que despertava preocupação para o segmento.
— Foi uma vitória para a categoria que o Governo tenha nos considerado como serviço essencial e possamos trabalhar mesmo em bandeira preta. Mais do que nunca, o sindicato orienta as escolas que sigam seus protocolos e oriente as famílias para cumprirem os protocolos do Governo fora do ambiente escolar. Assim, poderemos atender as crianças da melhor forma e não que seja um vetor de disseminação do vírus — afirma Bruna Volpato, prediente do Sindicato das Instituições Pré-Escolares Particulares de Caxias do Sul (Sinpré).
Ainda no setor de educação, as instituições de ensino federal manifestaram apoio as ações tomadas pelo Governo do Estado. De acordo com a nota, as universidades e os institutos federais "com base nos indicadores epidemiológicos, no agravamento da pandemia e na saturação do sistema de saúde, vêm a público reiterar seu apoio às medidas tomadas pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul". Eles também pedem que as autoridades sejam cobradas para disponibilização de vacinas.
Outras entidades também valorizaram a posição de manter o sistema de cogestão, onde o comércio e os serviços poderão trabalhar.
— Com o modelo de cogestão, temos garantido o direito de atender os clientes com portas abertas, independente da classificação da bandeira, o que ameniza o contexto atual de acúmulo de queda nas vendas — disse Idalice Moschen, presidente do Sindilojas de Caxias.
Para Renato Corso, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul, o modelo de cogestão era defendido pela entidade por entender que o comércio não é responsável pelo agravamento da pandemia na cidade.
— Entendemos que as medidas restritivas são necessárias, mas sabemos que o fechamento do comércio não é a melhor solução para estancar o agravamento da Covid-19 em Caxias do Sul. Precisamos, sim, nos conscientizar como cidadãos e evitar aglomerações, utilizar máscara e álcool em gel. É tomando consciência dessas atitudes que poderemos reverter a situação. O comércio não é o vilão — ressaltou o dirigente.
Alívio também em Bento Gonçalves
Uma das principais cidades da Serra Gaúcha e que depende muito do turismo e da economia local, a manutenção da cogestão também gerou um pouco de tranquilidade para as entidades representativas de Bento Gonçalves.
Para Rogério Capoani, presidente da Câmara de Indústria e Comércio (CIC), o momento se mostra delicado e o auxilio da população será fundamental para atravessar esse momento. Ele também entendeu como positiva a posição do Governo, em ouvir as demandas dos setores produtivos.
— Para o CIC-BG, enquanto entidade representativa dos setores produtivos, o cenário ideal é aquele com condições para o pleno funcionamento da indústria, comércio e prestadores de serviço, porém entendemos, também, a necessidade de mais este sacrifício que, como destacou o próprio governador, será pontual, temporário. Agora, o trabalho tem foco em colaborar com os segmentos mais afetados pelas restrições a exemplo dos restaurantes, que sofrem com a extensão do horário de suspensão das atividades — disse Capoani.
Marcos Carbone, dirigente da CDL, ressalta que a cogestão é a melhor forma de dar equilíbrio na luta contra o coronavírus:
— Defendemos a prática responsável da cogestão, que permite aos municípios regular com muito mais propriedade as normas que devem ser aplicadas em cada cidade, conforme sua realidade específica. Esse é o caminho que, no entendimento da CDL-BG, mostra-se o mais eficiente diante da necessidade que estamos enfrentando, sem ações extremistas, como o fechamento arbitrário do comércio.