A vacinação contra o coronavírus tem sido diferente em cada município da região. Isso porque, apesar das cidades precisarem seguir as diretrizes do Ministério da Saúde, nem todas têm o mesmo público alvo. Enquanto em algumas cidades da Serra as doses da vacina CoronaVac foram destinadas aos profissionais de saúde, idosos que vivem em asilos, servidores de casas asilares, indígenas e quilombolas, em outras onde não há esse público apenas os servidores da saúde foram imunizados. Quanto à remessa das vacinas da Oxford/AstraZeneca, os imunizantes só podem ser aplicados em 12 categorias da área da saúde, respeitando a escala prioritária criada pelo Governo do Estado.
Com 1.118 moradores, segundo dados do IBGE de 2020, dez dias depois da chegada das doses ao Rio Grande do Sul, União da Serra imunizou 67% do público prioritário até o final da manhã desta sexta-feira (29). Esse dado consta no vacinômetro estadual que é atualizado depois das 11h diariamente. Isso significa que 20 profissionais de saúde já foram imunizados em União da Serra. A cidade recebeu 10 doses da vacina CoronaVac e 20 da remessa das vacinas Oxford/AstraZeneca.
Já em André da Rocha, que conta com 1.343 habitantes, as 15 doses recebidas entre os dois lotes foram aplicadas nos servidores da saúde, o que garante a imunização de 100% do público alvo neste momento. A distribuição dos imunizantes leva em conta o número de habitantes que integram os grupos prioritários para a vacinação. As duas cidades não têm hospital, mas contam com postos de saúde onde há servidores expostos ao risco de contágio, uma vez que atendem ao público.
— Do primeiro lote, recebemos 10 doses e vacinamos 10 profissionais da linha de frente que atuam na Unidade Básica de Saúde, onde são atendidos casos de covid-19 — explica a enfermeira Aquileia Battistel Magrin.
No segundo lote, chegaram 20 vacinas, mas são 10 em cada frasco, então vacinamos outros 10 servidores da saúde, mas, depois de aberto, tem um prazo de até seis horas para aplicar as doses. Por isso, a enfermeira ressalta que o ritmo de vacinação é diferente de demais campanhas de imunização porque é preciso esse cuidado ainda maior para não desperdiçar as doses.
— Estamos aguardando profissionais de saúde voltarem de férias para abrir o frasco e terminar de vacinar o restante. Essa medida é necessária para não desperdiçar doses. Acredito que na segunda-feira (1º), mais 10 servidores da saúde sejam imunizados.
Como a cidade conta com 27 profissionais de saúde, todos serão imunizados, e ainda sobrará três doses. A enfermeira afirma que irá consultar a 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (5ª CRS) para definir quem poderá receber a imunização. Ela ressalta ainda que, na primeira leva, foram imunizados médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, motorista de ambulância. Com a segunda dose, passaram também para os profissionais que atendem na recepção e em demais cargos do posto de saúde e que também têm contato com pacientes que podem estar contaminados:
— Vamos aplicar apenas nos profissionais de saúde, seguindo as orientação do Ministério da Saúde e também levando em conta o fato de não termos instituição de longa permanência que seriam contempladas também com as primeiras doses.
Em caso de internação, os moradores de União da Serra são levados para o hospital de Guaporé. Até o momento, 32 pessoas foram infectados pelo coronavírus e todas se recuperam da doença, sendo que a cidade não registrou óbitos em decorrência de covid-19.
André da Rocha já zerou as doses
Em André da Rocha, 15 profissionais da saúde já receberam a primeira dose da vacinação contra o coronavírus. Na primeira remessa, foram 5 doses de CoronaVac que foram aplicadas em dois dias em médicos, enfermeiros e técnicos que atuam na Unidade Básica de Saúde da cidade na linha de frente do combate ao vírus. As 10 doses da vacina da Oxford/AstraZeneca também foram destinadas aos servidores da saúde, sendo que os imunizantes terminaram na última quarta-feira (27).
— Aplicamos as 15 doses em profissionais da área de saúde da linha de frente com a primeira remessa e nos demais que atuam no setor de saúde, como motoristas, higienizadores e que estão expostos ao vírus — afirma o secretário de Saúde, Rafael de Araújo Basso.
Ele acredita que com mais 15 doses consigam vacinar todos os servidores da saúde, incluindo, os que atuam na rede privada. O secretário ressalta ainda que essa imunização é diferente da gripe H1N1, por exemplo:
— Essa segunda remessa a partir do momento que abre o lote tem até seis horas para aplicação, então programamos com os profissionais para aplicar as doses no dia 27. É uma vacinação que tem todo um planejamento diferente, ao contrário da influenza, por exemplo, que temos um prazo maior depois de abrir o lote.
Basso ressalta que antes mesmo de receber as primeiras doses o município já havia planejado quais profissionais da linha de frente seriam vacinados, respeitando as diretrizes da campanha de imunização.
— Por ser um município menor, tem sido bem tranquilo controlar o processo de vacinação respeitando todos os critérios. É um fluxo similar, mas o ritmo é determinado pelo público prioritário também, então, acredito que tem transcorrido bem até o momento.
Os que precisarem de internação vão para Passo Fundo ou Nova Prata, que são as referências. A cidade também não teve mortes em decorrência de covid-19.
Coordenadorias de Saúde apenas distribuem as vacinas
As Coordenadorias Regionais de Saúde não administram as vacinas. Cada município tem autonomia para estabelecer como serão as aplicações, desde que respeitem os critérios determinados pelo Ministério da Saúde e pelo Governo do Estado.
As cargas que chegaram ao RS foram levadas à Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Ceadi) da SES (Secretaria Estadual da Saúde). De lá, foram distribuídas para as 18 coordenadorias regionais de saúde (CRS) por transporte rodoviário e aéreo, com o apoio da frota de aviões e helicópteros da Secretaria da Segurança Pública do Estado. Depois, foram retiradas pelos titulares das coordenadorias e estocadas nas sedes de cada região para que cada município providenciasse a retirada das doses destinadas a cada cidade.
— É uma vacinação diferente. Como só se está vacinando profissionais de saúde e ILPIs, não é como a da influenza. As doses têm sido vinculadas a estabelecimentos. Os municípios fizeram levantamentos das suas populações. Daí eles vão ofertando para esses grupos listados. A logística dentro do território é de competência de cada município — explica a enfermeira especialista em saúde e responsável pelas imunizações da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Patricia Jardim Machado.