O decreto que estabelece toque de recolher, multa para quem circular nas ruas da cidade fora do horário permitido, entre outras medidas, foi publicado na manhã desta quinta-feira (3) em Vacaria. O aumento do número de casos de coronavírus e a ocupação de leitos no limite no Hospital Nossa Senhora da Oliveira, motivou o prefeito de Vacaria, Amadeu Boeira (PSDB) a aderir as restrições. Conforme dados desta quarta-feira (2) o município contabiliza 28 mortes por coronavírus, 615 moradores em isolamento domiciliar e 1988 casos confirmados, sendo 1613 já recuperados .
O decreto determina que é proibida a circulação de pessoas nas ruas de Vacaria das 22h às 6h. Com base na determinação, só poderão estar na rua prestadores de serviços na área de saúde, segurança, assistência social, delivery de alimentos, funcionários de empresas públicas ou privadas que estejam trabalhando neste período. Vale destacar que conforme o decreto, a pessoa precisará comprovar que está se deslocando para o trabalho ou retornando. Quem estiver circulando em via pública sem comprovação de trabalho será multado.
Todos os estabelecimentos comerciais, industriais e de prestação de serviço deverão realizar a medição de temperatura na entrada dos estabelecimentos. Estes, que devem seguir as medidas do modelo de Distanciamento Controlado do governo do Estado.
O projeto de lei que estabelece multa de R$ 200 para quem não usar máscara, foi encaminhado para a Câmara de Vereadores em sessão extraordinária para votação em regime de urgência.
O prefeito reforçou a necessidade de manter os cuidados para combater o contágio do coronavírus. Boeira destaca que as novas medidas buscam evitar um agravamento da situação de contaminação e evitar que a cidade passe por um lockdown. O decreto já está em vigor e de acordo com a prefeitura, as medidas poderão ser reavaliadas em qualquer momento.
100% de ocupação na UTI
Em Vacaria, o Hospital Nossa Senhora da Oliveira está com 100% de ocupação de leitos de UTI desde a terça-feira (1º). De acordo com a diretora-presidente da instituição de saúde, irmã Adelide Canci, quatro leitos da área clínica destinada à covid-19 foram abertos também na terça-feira, totalizando 28. Destes, nesta quinta-feira (3), 19 estão ocupados por pacientes com coronavírus. Já na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), há cinco leitos e todos estão ocupados. Três deles estão fechados por falta de profissionais da saúde. Dos pacientes na UTI, dois são de Bom Jesus, um de Muitos Capões e dois de Vacaria.
Conforme Adelide, o hospital já enfrentou a falta de leitos. Há 15 dias, uma senhora que estava internada na área clínica precisava ser encaminhada para a UTI, mas não tinham leitos disponíveis. Por isso, ela foi encaminhada, via Central de leitos, para Caxias do Sul.
A lotação máxima foi atingida no final de semana, quando além da UTI, a área clínica também estava com 100% de ocupação. Conforme o secretário de Saúde de Vacaria, Márcio Tramontina, na segunda-feira (30) foi realizada uma reunião com diversos setores do município solicitando auxílio, pois os casos explodiram na cidade e isso impacta a capacidade do hospital.
— Hoje o que impacta é a parte pessoal, faltam técnicos em enfermagem, enfermeiros e médicos. Na questão de leitos, teríamos equipamentos para mais três, mas não temos profissionais. Tem muitos funcionários afastados, muitos com covid-19 e por isso estão isolados. Até pensamos em remanejar profissionais das Unidades Básicas de Saúde para a Unidade de Pronto Atendimento ou hospital, se possível. Chegou ao extremo, completa Tramontina.
De acordo com secretário, a falta de profissionais da saúde é percebida desde julho e sem eles, não é possível dar continuidade ao atendimento. Retrocedendo aos primeiros meses de enfrentamento da pandemia, ele analisa que o primeiro problema enfrentado foi a falta de material, depois, de recursos e agora, não tem mais profissionais.