Os impactos da estiagem são confirmados a partir da divulgação de dados da safra de uva 2019/2020 no Rio Grande do Sul. Segundo a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), a queda da produção neste ano atinge 18,2%. O valor é praticamente o mesmo na análise da região da Serra. Conforme a Emater regional, houve 18% de queda em relação à quantidade de uvas colhidas em 2019.
Segundo os dados estaduais, a baixa representa 502.492 quilos da fruta produzidos neste ano contra 614.279 em 2019, uma diferença de 111.787 quilos.
Na avaliação do agrônomo Enio Ângelo Todeschini, da Emater regional de Caxias do Sul, que abrange as regiões das Hortênsias e Campos de Cima da Serra, se a quantidade de fruta colhida é impactada, a qualidade compensa.
— O volume foi menor, mas a qualidade foi excepcional. Estão sendo produzidos sucos, vinhos, vinagres e espumantes de alta qualidade em função da uva ter sido colhida com grau de açúcar alto. A qualidade compensou para o produtor porque o preço ficou cima da média — diz.
De acordo com a Seapdr, o grau glucométrico, que é o teor de açúcar da uva, foi 12% superior à colheita de 2019. O preço mínimo da uva, estipulado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi de R$ 1,08 ao quilo. Para a colheita de 2020/2021, o valor está em negociação.
Neste mês, os parreirais distribuídos em cerca de 39 mil hectares da Serra apresentam boas condições para a próxima colheita, que deve iniciar em meados de dezembro para as variedades mais precoces, segundo Todeschini:
— O momento é de poucas chuvas. Em outubro foram apenas dois eventos (chuvosos) e nas últimas semanas a umidade relativa do ar esteve baixa. O crescimento está bom, mas já começam as preocupações com a falta de chuva.
Cerca de 15 mil famílias atuam na produção de uva na Serra.
Produção 20% menor em Caxias
Conforme o secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Smapa) de Caxias do Sul, Valmir Susin, a colheita de 65 milhões de quilos de uvas, realizada em 2019 em Caxias, foi reduzida em 20% neste ano. Para os próximos meses, a expectativa é pela retomada das chuvas.
— A uva está bonita, mas já nos preocupa a falta de chuva. Já recebemos pedidos para abastecimento de água e isso é um sinalizador de possíveis reflexos na próxima safra — cita Susin.