A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, chegou a Guaporé por volta das 11h deste sábado (3). Damares está no RS para o lançamento das atividades do Instituto Virada Feminina no Rio Grande do Sul e para o Abrace o Marajó, ação desenvolvida junto ao ministério contra o tráfico de seres humanos e o abuso sexual de crianças e adolescentes no arquipélago do Marajó, no Pará. O evento ocorre na Casa da Cultura de Guaporé.
A chegada de Damares mudou a rotina da cidade neste sábado por conta do forte esquema de segurança que a acompanha. Antes da palestra que profere neste sábado, com o tema Abrace o Marajó, ela foi recepcionada com uma apresentação de dança folclórica gaúcha. Durante a apresentação, a ministra gravou vídeos com seu telefone celular. A imprensa não foi autorizada a acompanhar.
Damares chegou usando máscara e permaneceu protegida durante a apresentação na Casa da Cultura. Marta Lívia Suplicy, presidente nacional da Virada Feminina, estava no local e era a única sem máscara, proteção contra a covid-19.
Após a apresentação de dança folclórica, Damares e as integrantes do Instituto Virada Feminina participaram da solenidade de lançamento do projeto. Na subida da escada, rumo ao segundo andar da Casa da Cultura, onde fica o auditório, Damares agradeceu a hospitalidade com que foi recebida.
— Fui entrando e me apaixonando, estou muito feliz de estar aqui — disse, dirigindo-se ao prefeito Valdir Carlos Fabris (PDT) e à esposa, Jane Edite Ban Fabris. O político, mesmo sendo candidato à reeleição, se pronunciou e agradeceu a presença de Damares na cidade.
Já no auditório, a presidente da Virada Feminina agradeceu a presença da ministra e, em seu pronunciamento, referiu-se à tríade sustentada por diversas áreas do governo Jair Bolsonaro: Deus, pátria e família.
— Saúdo a todas que estão aqui. Esse projeto serve para unir o Brasil através das suas mulheres, da sua cultura, da sua cidadania e do seu respeito. Parabenizo o governo, em seu nome, ministra, que vai no cerne na defesa da mulher e da família. A Virada é uma ação solidária e emergencial. Não tem direita, não tem esquerda! Mais do que abraçar Marajó, que abracemos o país — disse Marta.
Antes da manifestação de Damares, o secretário Henrique Araujo, que acompanha a ministra no encontro, apresentou o programa Abrace o Marajó. O objetivo, segundo ele, é erradicar o abuso e a exploração sexual, combater a violência contra a mulher, além de melhorar a qualidade de vida da população do Norte do País. Uma das ações é a Operação Pão da Vida:
— A Operação Pão da Vida atenderá a 16 municípios de Marajó. A meta é de entregarmos 98 mil cestas. Foram entregues 28 mil até agora.
"Nos ajudem a alimentar esse povo", pede ministra
Em um discurso emocionado, a ministra Damares Alves, buscou sensibilizar os moradores de Guaporé a contribuir com o projeto Abrace Marajó. Enfatizou a urgência do enfrentamento à violência feminina, à pratica do estupro e da pedofilia, mas também do fomento econômico e ações de doações de alimentos.
Em mais de um momento, Damares se referiu à empresária Neura Trevisol Gomes, vice-presidente nacional da Virada Feminina, como alguém que não apenas entendeu a proposta e se engajou no programa, mas também alguém que testifica a parceira como um ato profético.
— Juntar essa mulher, mãe empresária, com uma mãe do Marajó, pra mim foi um ato profético de união. Foi um ato de fé. Foi um dos dias mais lindos da minha vida! — disse Damares, ao se referir a um encontro no Palácio da Alvorada, em Brasília, promovido pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, reunindo Damares, mulheres de Marajó e Neura.
Em sua fala, Damares chamou a atenção da plateia expondo a triste realidade da violência feminina, com exemplos que chocaram a plateia:
— Marajó é um paraíso, mas ao mesmo tempo um inferno. Tem gente que vai pro Hawaii porque não conhece Marajó. Mas a história que todo mundo conhece de lá é aquela dos anúncios de sexo vaginal a R$ 1 e sexo anal a R$5. Veja se tem como a gente fechar os olhos contra isso? Adianta eu fazer uma campanha que pedofilia é crime? A miséria vai continuar. Não vou enfrentar violência contra a mulher sem levar emprego para lá.
A ministra lembrou que a pandemia freou o avanço do programa Abrace Marajó, que prevê inclusive a implantação de fábrica de lingerie no arquipélago de Marajó, além de ações de incentivo ao turismo e investimento em infraestrutura básica e energia elétrica.
— Acreditamos que direitos humanos e desenvolvimento econômico têm de estar junto. E quando o presidente Bolsonaro fala em desenvolvimento da Amazônia, é disso que ele fala. Claro que árvore é importante, mas o bem mais precioso da Amazônia são essas crianças. As meninas de Marajó aparecem grávidas. E quem que as engravidou? O "boto"! O boto não é lenda, o boto é o pai dessas crianças. Tem maior dor do que uma filha ser obrigada a ser esposa do pai a vida toda? E por que ela fica sendo a esposa do pai? Porque ele dá comida pra ela — revelou Damares, segurando o choro.
Damares terminou o seu discurso explicando que não estava em Guaporé para emocionar, mas para conscientizar as pessoas para a urgência do programa Abrace Marajó:
— Nos ajudem a alimentar esse povo.