O surto de coronavírus no Asilo Santa Ana Residencial Geriátrico em Gramado é alvo de investigação da prefeitura e do Ministério Público. De acordo com o secretário municipal da Saúde, João Teixeira, o município ainda desconhece se o contágio começou pela infecção de um idoso ou de um funcionário. Uma das possibilidades apuradas, segundo o titular da pasta, é uma falha no protocolo contra a covid-19 que possa ter permitido a disseminação do vírus.
Até esta sexta-feira (18) já foram registradas nove mortes de idosos por coronavírus. Segundo a prefeitura, quatro idosos estão internados na unidade de terapia intensiva (UTIs) do hospital São Miguel e outro em enfermaria.
— Ainda não sabemos como o contágio começou porque as visitas, segundo a casa asilar, estavam suspensas desde março. Pode ter sido um funcionário, mas também se fala que teve uma paciente que passou por procedimento e voltou do hospital para o asilo e não teria sido colocada em isolamento. Estamos verificando se é possível que tenha ocorrido falhas nos protocolos por parte da clínica no retorno dessa paciente — explica o secretário da Saúde.
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Ele ressalta ainda que essa paciente que saiu da clínica está entre as vítimas da doença:
— Está fechando duas semanas que teve início o surto e esperamos que as perdas cessem. Lamentamos profundamente essas partidas. O contágio é fácil e os idosos são do grupo de risco. Muitos que estavam no asilo estavam debilitados e, infelizmente, o vírus foi devastador.
Nessa semana, o MP encaminhou questionamentos à Secretaria de Saúde, Vigilância Sanitária e ao asilo para analisar medidas a serem tomadas em relação ao caso. A promotora Natália Cagliari acredita que ainda nesta sexta-feira (18) as respostas a essas solicitações cheguem ao MP e, a partir daí, medidas serão tomadas.
Rastreio de possíveis casos
Uma projeção da prefeitura aponta que 200 pessoas podem ter sido contaminadas pelo coronavírus em função do surto no Asilo Santa Ana Residencial Geriátrico. Segundo o secretário da Saúde, não foram aplicados testes nos suspeitos assintomáticos, mas eles foram orientados a ficar em isolamento domiciliar por 14 dias.
— Sabemos que o número pode ser maior de casos positivos. São 37 funcionários; destes, 15 estão confirmados e está com suspeita da doença. Já confirmamos duas pessoas infectadas, que estão em isolamento, que tiveram contato com funcionários. Nesse momento estamos pedindo que fiquem em isolamento e que avisem as pessoas próximas e com quem tiveram contato para ficarem isolados também — diz.
Teixeira garante que o município tomou todas as medidas sanitárias para conter o contágio assim que os primeiros casos foram confirmados:
— A vigilância monitorou os pacientes internados, orientou os servidores e a equipe técnica, mas infelizmente alguns idosos evoluíram para casos mais graves.
Nesta sexta, a reportagem procurou o médico Ubiratã Oliveira, dono do residencial, mas não obteve retorno até as 15h. Na semana passada, ele afirmou que os funcionários apresentaram sintomas depois dos idosos. Ainda segundo ele, as medidas de segurança foram tomadas desde o início do surto:
— Nós fizemos tudo o que a Vigilância (Sanitária) nos orientou. O que a Vigilância nos orientava? Qualquer sintoma, testes. Nós não tivemos absolutamente nenhum paciente, nenhum residente com febre, gripe, coriza, tosse o ano inteiro, muito por conta dos cuidados que o mundo está tendo com relação ao distanciamento, à proteção com máscara, ao uso de álcool gel. Nós imaginávamos, mesmo sabendo da dificuldade, que talvez a gente fosse passar sem o problema da pandemia depois de seis meses com controle rigoroso, mas infelizmente nós fomos vitimados.
O surto
Os primeiros sintomas entre os idosos começaram em 3 de setembro. Naquela noite, três idosos foram internados no hospital São Miguel. De 30 moradores, 22 testaram positivos para a covid-19. Destes, nove morreram, sendo que a primeira morte foi registrada no dia 9.
Primeira morte: mulher de 92 anos que morreu no dia 9 de setembro.
Segunda morte: mulher de 87 anos que morreu no dia 10 de setembro.
Terceira morte: mulher de 83 anos que morreu no dia 11 de setembro.
Quarta morte: mulher de 76 anos que morreu em 11 de setembro. Ela estava internada desde o dia 4 na unidade clínica do Hospital São Miguel.
Quinta morte: homem de 83 anos. Ele estava internado no Hospital São Miguel e morreu no dia 13 de setembro.
Sexta morte: idosa de 86 anos que morreu no dia 15 de setembro.
Sétima morte: mulher de 84 anos que morreu no dia 16 de setembro.
Oitava morte: mulher de 80 anos que estava internada na UTI do Hospital São Miguel desde o dia 11 de setembro. Ela morreu no dia 17.
Nona morte: um homem de 75 anos que estava na UTI do Hospital São Miguel. Ele morreu no dia 17.
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