Dois funcionários de uma distribuidora de alimentos de Caxias do Sul ficaram 22 horas desaparecidos após o caminhão em que estavam sair da pista no km 89 da RS-129, em Muçum, no Vale do Taquari. O veículo desceu uma ribanceira de cerca de 80 metros, por isso houve dificuldade na localização. O acidente resultou na morte de Cristiano Martins da Silva, 26 anos, ajudante de entrega e caroneiro do caminhão. Já o motorista de entrega, de 31 anos, foi resgatado consciente e levado ao hospital em Encantado, de onde foi transferido para o hospital da Unimed, em Caxias.
Conforme um representante da distribuidora, que prefere não se identificar, os colegas saíram de Caxias do Sul na tarde de segunda-feira (17) para realizar entregas na região de Encantado. O retorno estava previsto para ocorrer entre esta quarta-feira (19) e esta quinta-feira (20). Por volta das 18h de terça-feira (18), contudo, a empresa perdeu o sinal do sistema de rastreamento por GPS do caminhão e tanto a família, quanto os colegas da distribuidora não conseguiram contato via celular. A partir disso, a empresa registrou ocorrência e iniciou as buscas. O caminhão foi encontrado somente às 16h10min desta quarta.
— Começamos a ligar para os clientes onde eles iriam fazer as entregas para entender o que tinha acontecido. Não tínhamos informação de onde eles poderiam estar. O acidente ocorreu após o expediente, então eles deveriam estar se dirigindo ao hotel, em Arroio do Meio. Ligamos para o hotel e foi aí que começamos a nos preocupar, porque eles tinham a reserva, mas não apareceram. Colocamos uma equipe na rua para tentar encontrar e eles perceberam um guard-rail retorcido e viram o caminhão — relata o representante da empresa.
O caminhão estava em meio a um matagal na lateral da pista e não era percebido por quem circulava pela estrada. Segundo o colega, um dos entregadores chegou a ligar para a família minutos após o fim do expediente, mas depois não houve mais contato.
Na manhã desta quinta, equipes da empresa foram deslocadas para acompanhar o atendimento do motorista no hospital e os trâmites para liberação do corpo e sepultamento de Silva. Aos colegas, o motorista relatou o que lembra do acidente.
— Nossa equipe conversou com ele, mas ele está abalado psicologicamente. Ele disse que estava tudo bem e não sabe explicar o que aconteceu. Acredita que tenha óleo na pista, porque tentou frear e não conseguiu — revela o representante.
Silva já havia trabalhado na distribuidora entre setembro do ano passado e março deste ano por meio de um contrato temporário. Em junho, foi chamado novamente pela empresa, dessa vez efetivado.
— Ele se dava bem com todo mundo, era um jovem entusiasmado com as coisas. Acabamos não tendo muita proximidade, mas até onde sabemos estava namorando — lamenta o colega.
De acordo com os bombeiros de Encantado, seis pessoas trabalharam no resgate. O motorista ficou preso nas ferragens e foram necessárias duas horas para retirá-lo do veículo e mais uma hora para içar a maca até as margens da rodovia. Em seguida, os socorristas realizaram a remoção do corpo de Silva. A operação terminou somente por volta das 22h30min.