Nesses tempos difíceis, quem não gostaria de ser surpreendido com um bilhete repleto de palavras positivas? Em Antônio Prado, muitos têm esse privilégio. Espalhar alegria e motivar as pessoas com mensagens de otimismo é o objetivo de Teresa Claro Cavalheiro, 67 anos, moradora da pequena cidade do interior. Ela começou a escrever mensagens positivas inspirada em frases que lê em livros, jornais e agendas, há mais de 11 anos.
No início, ela fixava, anonimamente, as mensagens no mural do banco onde trabalhava fazendo limpeza. Depois que o gerente descobriu que era ela quem deixava esses bilhetes no mural, e a elogiou, ela se motivou a escrever mais e a entregar os papéis para as colegas de trabalho.
— Eu queria fazer o lugar onde a gente está mais feliz. Fazer as pessoas felizes, para que todos possamos conviver com alegria – explica.
Anos mais tarde, quando Luiz, o marido de Teresa adoeceu e ela precisou se ausentar do trabalho para cuidar dele, se dedicou ainda mais na escrita das mensagens. E, então, começou a entregar os bilhetinhos para pessoas pelas ruas e a distribuir em estabelecimentos da cidade. Todos ganham, conhecidos e desconhecidos de todas as idades. Atualmente, com a pandemia, Teresa fica quase sempre em casa, sai apenas para ir até a farmácia. Então, diminuiu a quantidade de bilhetinhos entregues - e ela toma cuidados para não ajudar na disseminação do vírus durante a entrega: passa sempre álcool gel nas mãos antes de manusear o papelzinho e não chega tão perto da pessoa.
— Quando encontro as pessoas na rua, dou bom dia e boa tarde e peço se aceitam a mensagem. Elas leem e muitas me dizem: "a senhora não imagina como isso me fez bem" – conta Teresa, com alegria.
Teresa escreve os bilhetes diariamente e o interessante é que não consegue escrever aos poucos: quando começa, se inspira e surgem dezenas de mensagens positivas. Até pouco tempo, ela usava os rascunhos que ganhava dos colegas de trabalho do banco; hoje, escreve em folhas de cadernos e recorta em formato de bilhetinho. A prática a fez ser conhecida em Antônio Prado como a "menina das mensagens". A simpatia e bom humor da querida senhora enchem de orgulho toda a família. Os filhos Denise e Ederson, os netos Guilherme, Heloisa e Erick, o genro Maico e a nora Cláudia aprovam a atitude de Teresa.
— É um orgulho e um exemplo para todas as pessoas, um gesto grandioso. É como uma semente que, ao ser plantada, dá frutos. Uma atitude simples, porém carregada de sentimentos. Temos depoimentos de pessoas que passaram por momentos difíceis e receber o bilhete foi algo que fez diferença – destaca a filha Denise.
Assim como o bom humor, a fé e a religiosidade acompanham a vida de Teresa. Ela conta que foram muitas lutas superadas e, por isso, é grata a todas as bênçãos que recebeu:
— Me sinto realizada! Ver a alegria das pessoas depois que leem as mensagens não tem dinheiro que pague. Não pretendo parar tão cedo.
Eternizar as memórias
Hoje Teresa mora sozinha e faz companhia a uma senhora, Irene, à noite, pois antes de seu marido morrer, ela havia feito um curso de cuidadora de idosos. Em seu tempo livre, principalmente agora durante a pandemia, se dedica a escrever os bilhetes. Com muita criatividade, tira uma palavra daqui, outra dali, e coloca muito carinho nos bilhetes.
Teresa estudou até o 4º ano do ensino primário e sempre gostou de escrever. O seu sonho, agora, é escrever um livro.
—Uma gráfica já se dispôs a ajudar com a impressão do livro. Agora estamos em busca de uma editora que ajude a tornar a ideia realidade. Esse é o sonho da vida dela, então vamos fazer o possível para realizar – conta a filha.
Gesto cheio de significados
As mensagens de Teresa fazem parte da vida e do dia a dia de muitas pessoas em Antônio Prado e estão em murais de muitos estabelecimentos.
Precila Dallabilia, 32, foi uma das pessoas agraciadas com os bilhetinhos de Teresa. Mas quem recebeu a mensagem foi seu marido, Elvis Rabello, que estava no posto de gasolina quando foi surpreendido pela senhora.
— Na hora, eu estava um pouco longe, mas depois ele me entregou e eu li. Fiquei encantada, até queria chamá-la e dar um abraço, mas devido à pandemia achei melhor postar nas redes sociais e mostrar a todos esse gesto lindo – conta Precila, que guarda o bilhete na carteira.
A maioria das pessoas que recebe os bilhetes, assim como Precila, os guarda com muito carinho. Outro exemplo é a cabeleireira Bárbara Marques Andreetta, 39. Quando ela trabalhava como enfermeira em um posto de saúde, há cerca de 10 anos, visitava a mãe de Teresa em sua residência e ganhava os bilhetinhos cheios de carinho.
— Sempre eram bilhetes motivacionais, com mensagens de carinho. Não conheço a Teresa muito bem, mas só uma pessoa muito iluminada para espalhar tanto amor e carinho. É o verdadeiro fazer o bem sem olhar a quem!. A atitude dela é admirável, o mundo precisa de mais Teresas! – conta Bárbara, que tem os bilhetes guardados até hoje.
Isabel Tochetto Correa, 50, trabalha no comércio e seguidamente recebe as mensagens de Teresa:
— Seguidamente ela nos leva mensagens de carinho, de força e otimismo. Isso alegra nosso dia e nos mostra o quanto é importante ter alguém que lembre da gente e se dedique a demonstrar isso.