As chuvas desta terça-feira (7) que geraram deslizamentos e interromperam rodovias em diversos pontos da Serra, também causaram estragos no campo. Após a estiagem que comprometeu uma série de cultivos nos últimos meses — somente em Caxias do Sul a perda estimada foi de R$ 98 milhões — os agricultores lidam com estragos causados agora pelo excesso de chuva.
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Segundo a Emater, o cultivo de hortaliças, sobretudo das folhosas — como alface, couve e rúcula, por exemplo — é um dos mais afetados, por ser de uma variedade mais sensível e que nem sempre conta com a proteção de uma estufa. A erosão de canteiros causada pelo acúmulo de água nas propriedades também ocasiona perdas nas lavouras de cebola e alho. Além disso, também foram registrados rompimentos de açudes e estragos em estradas internas, o que impede a realização de diversos manejos dentro das propriedades.
— Pelo lado bom temos a recuperação dos mananciais de água, fontes, rios, reservatórios e açudes, assim como a recuperação da umidade. Mas estamos chegando em um ponto de excesso de água, que começa a trazer problemas — explica o engenheiro agrônomo Enio Ângelo Todeschini, extensionista rural do escritório regional da Emater.
De acordo com ele, o impacto das chuvas não é de grandes proporções mas atrapalha uma série de funções exercidas dentro da propriedade, como o trânsito de máquinas para alguns plantios, como de trigo, que estaria ocorrendo agora, bem como para o manejo de gado, podendo causar até mesmo redução na produção de leite.
Ainda segundo Todeschini, o excesso de chuvas exige cuidados específicos para evitar fungos e outras doenças. Ele afirma que são necessários, pelo menos, três a cinco dias sem chuvas para que a rotina do trabalho no campo seja restabelecida.
Em Caxias, Secretaria avalia danos
Equipes técnicas da Secretaria Municipal de Agricultura visitam propriedades nesta quarta-feira (8) para avaliar os estragos causados pelas chuvas. Conforme o secretário, Valmir Susin, desde o início da manhã são relatadas situações de estradas interrompidas e formação de crateras dentro das propriedades em virtude do excesso de água.
Segundo ele, a região de Vila Cristina pode ser uma das mais afetadas, por ser uma área com bastante produção de hortaliças, em sua maioria sem a proteção de estufas. Além disso, a localidade tem terrenos mais planos, que propiciam o acúmulo de água.
— São culturas muito sensíveis. Vamos ter uma perda, com certeza. Se não de produção, será da qualidade — afirma Susin.
No ramo da fruticultura não há impactos significativos, embora tenham sido registrados casos com o de um produtor de Criúva que, de acordo com a Secretaria, tinha feito um novo plantio com mudas de laranjeiras que foram levadas pela água de um arroio que fica próximo à propriedade e acabou subindo de nível por conta da chuva.