O que representa uma doação? Qual o valor de um ato de solidariedade? A pandemia causada pelo novo coronavírus trouxe, para os hospitais da região, as respostas. Do pão entregue à equipe da assistência ao montante arrecadado com a campanha, cada gesto foi para no sentido de preservar ou ajudar a salvar vidas. Muitas vezes, o ato partiu de um anônimo, alguém movido pela empatia, e acabou direcionado a completos desconhecidos, servidores de instituições de saúde e pessoas assistidas por eles. Desde que os primeiros casos de covid-19 surgiram na Serra, correntes de benfeitores começaram a se formar para amparar os hospitais. Foram milhares de insumos, toneladas de alimentos e centenas de equipamentos. Muito disso, foi consumido e precisa ser reposto. Mas, com os recursos, os hospitais puderam fazer reformas, ampliações e abrir novos leitos de enfermaria e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O Hospital Geral (HG), único que atende 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Caxias do Sul, conseguiu equipar, por meio das doações recebidas em abril, praticamente todo o setor de assistência, com sapatos de proteção e os chamados macacões usados sobre as roupas dos funcionários.
– No início, o que mais se temia era a questão de EPIs e de insumos, da falta deles e da elevação dos custos. Então, essa solidariedade das pessoas e dos empresários é a parte positiva, digamos assim, dessa pandemia que tanto nos assola. E ela veio para todos os hospitais – comentou o diretor do HG, Sandro Junqueira.
Equipamentos de proteção individual (EPIs) são itens fundamentais para garantir a segurança de quem atende e de quem é atendido e são os mais consumidos em períodos como este. Por isso, as doações não podem parar. Além dos doadores externos, o HG tem um grupo de voluntários que atua permanentemente pelo hospital.
– Hoje estamos mais tranquilos, mas temos uma ansiedade em saber como essa pandemia vai se comportar nos próximos meses – ponderou o gestor.
Alguns produtos recebidos em doação abasteceram a instituição por meses, como álcool gel, água, copos descartáveis e carne de frango para refeições.
No Pompéia, destino foi proteção
Entre máscaras, jalecos, calças, aventais, luvas e óculos protetores, o Hospital Pompeia recebeu de empresários do município mais de 55 mil itens de proteção individual, o equivalente a cerca de R$ 17 mil. Além dos EPIs, foram doados equipamentos como seis oxímetros e cinco cadeiras de rodas.
– Tivemos algumas outras iniciativas, como a de costureiras voluntárias que fizeram máscaras. E outras de aventais por pessoas físicas. Isso temos recebido da sociedade de maneira geral – comentou a superintendente Lara Sales Vieira.
A crise mundial trazida pelo novo coronavírus fez com que a sociedade voltasse o olhar aos profissionais dos hospitais, e o agradecimento veio em forma de ajuda e homenagens.
– O mundo passou a olhar de forma diferente essa comunidade hospitalar, esse profissional de saúde, e a importância do sistema de saúde. As ações de reconhecimento mostram isso – destaca Lara.