A taxa de pessoas que saem de casa diariamente em Caxias do Sul subiu de 19,2% para 28,8% conforme revelaram os dados da segunda etapa da pesquisa coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) sobre a covid-19 no Estado.
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O estudo aponta que a população afrouxou nos cuidados relativos ao distanciamento social da primeira para a segunda fase das consultas. Entre os que ficam o tempo todo em casa, o percentual caiu de 23,8% para 21,6%, e entre os que saem apenas para atividades essenciais diminuiu de 57% para 49,6%.
No Estado, os dados coletados no último final de semana estimam que mais de 15 mil gaúchos podem já ter tido contato com o novo coronavírus. O estudo projeta ainda que uma a cada 769 pessoas tenham anticorpos contra a covid-19 no Estado. As entrevistas e testes rápidos foram realizados em 4,5 mil moradores de nove cidades – além de Caxias, Pelotas, Porto Alegre, Canoas, Santa Maria, Uruguaiana, Santa Cruz do Sul, Ijuí e Passo Fundo – entre os dias 25 e 27 deste mês. Os resultados foram apresentados em uma live, por rede social, pelo coordenador-geral da pesquisa, o epidemiologista e reitor da UFPel, Pedro Rodrigues Curi Hallal, junto ao governador Eduardo Leite.
A primeira fase do estudo ocorreu nos dias 11, 12 e 13 de abril, nas mesmas cidades, com uma amostragem de 4.189 moradores. O cronograma inclui uma terceira e quarta fases previstas para ocorrerem de 9 a 11 de maio e de 23 a 25 de maio, respectivamente. A pesquisa tem o objetivo de estimar o percentual da população do Rio Grande do Sul infectada pelo novo coronavírus para ajudar a determinar as próximas ações de governo.
– A nossa estrutura de saúde, que de forma bem distribuída no Estado, junto com as nossas universidades, com nossos cientistas, nos dão a segurança dessas informações para o enfrentamento dessa pandemia – disse o governador durante o pronunciamento.
Como funciona
Durante a visita, os entrevistadores aplicam um breve questionário e coletam uma amostra de sangue (uma gota) da ponta do dedo do participante, que será analisada pelo aparelho de teste em aproximadamente 15 minutos. O teste rápido detecta a presença de anticorpos, que são defesas produzidas pelo organismo somente depois de sete a dez dias da data de contágio pelo vírus.
Na comparação entre as fases, houve aumento na taxa de infecção de 0,05% na primeira etapa para 0,13% na segunda, com dois casos positivos e seis, respectivamente. Os familiares das seis pessoas que testaram positivo também foram testados, mas não foram contabilizados no resultado. Porém, dos 12 avaliados, 75% deles (nove) tiveram resultado positivo.
A pesquisa gaúcha servirá de modelo para um estudo que será implantado em 133 cidades de todos os estados do país. A partir da semana que vem, ocorre a primeira fase, com 33.250 testes. As outras duas fases terão o mesmo número de pessoas em cada uma delas, totalizando quase 100 mil avaliados no Brasil.
Resultados:
:: Para cada 1 milhão de habitantes estima-se que haja 1,3 mil infectados, mas o número de notificações é de 108.
:: Para cada notificado, existem 12 não notificados.
:: Baseada nos casos notificados até terça-feira, a taxa de letalidade era de 3,6%, mas seria de 0,33%, se considerados o total de 15.066 casos estimados.
:: O percentual de pessoas que ficam em casa o tempo todo no Estado caiu de 21,1% para 18,3% da primeira para segunda etapa.
:: Entre os que saem diariamente, o índice subiu de 20,6% para 28,3%.
:: E os que saem apenas para atividades essenciais caiu de 58,3% para 53,4%.