A confirmação do primeiro caso de coronavírus em Farroupilha resulta em medidas rígidas por parte da prefeitura. Nesta quinta-feira (19), o prefeito Pedro Pedrozo (PSB), decretou quarentena pelo período de 14 dias na comunidade Vila Jansen, localizada no segundo distrito do município e onde residem cerca de 300 pessoas. Apenas um mini mercado local e um posto de combustíveis ficarão abertos para abastecer os moradores.
— Ninguém poderá sair de casa e vamos monitorar! Todos terão prejuízo, não é hora de pensar em dinheiro. Só sai (da Vila Jansen) se for médico — enfatiza o prefeito
Conforme nota, os moradores não poderão receber visitas pelo mesmo período caso apresentem algum sintoma. Se não houver sintomas, as visitas ficam suspensas por sete dias.
Segundo a prefeitura, o homem de 37 anos que está em isolamento teve contato com moradores e familiares da comunidade nos últimos dias. Ele mora em Londres e visita a família na Serra. Conforme o secretário municipal da Saúde, Davi André de Almeida, o paciente "apresenta boa recuperação".
O decreto obriga o fechamento de bares e qualquer estabelecimento com aglomeração de pessoas. Em casos de extrema de necessidade por alimentos ou remédios, apenas uma pessoa poderá sair da residência para adquirir os produtos.
A prefeitura divulga um contato via Whatsapp para dúvidas quanto a sintomas na Vila Jansen: (54) 9.9914.3483. O número está disponível por 24 horas também aos finais de semana.
Sensação de preocupação predomina na localidade
Após a confirmação de que o primeiro caso de coronavírus em Farroupilha é na costumeiramente tranquila localidade, as ruas estão ainda mais vazias. Os relatos são de um absoluto silêncio, a não ser a passagem de poucos carros pela principal via, que liga Farroupilha a Nova Roma do Sul.
Com a circulação restrita, os moradores têm a preocupação devido ao contato anterior com o paciente com covid-19. Os hábitos da comunidade do interior, onde há muita proximidade entre os moradores, e o fato de haver uma considerável população idosa na vila são dos fatores que acendem o alerta.
— Aqui na Jansen, a gente se cumprimenta, a gente fala com uma proximidade. O vírus em si é muito fácil de se disseminar porque até saber que ele estava com esse resultado positivo, familiares dele tiveram contato com ele e acabaram saindo de casa, conversaram com pessoas daqui e outras pessoas falaram com essas pessoas também. Então, pode ser que não dê nada, mas eu estou assustada - comenta a professora Catiane Moroni Colussi, 30 anos.
Apesar da necessária mudança de hábitos, há também a sensação de que o isolamento é a melhor opção neste momento para evitar uma contaminação maior.
— No primeiro momento, ao receber a notícia do primeiro caso do município ser daqui, o impacto foi grande. A sensação inicial foi de pavor e insegurança, por ser tratar de algo, que até pouco tempo, parecia ser distante, onde acompanhávamos apenas pela mídia os casos de outros lugares. Agora, com um caso real e próximo, realmente podemos compreender a dimensão da gravidade da situação. Estar em quarentena ou isolamento é algo necessário neste momento para o bem comum. É uma atitude de preocupação com os que amamos e queremos proteger. Tenho certeza que sairemos muito melhores desta situação, mais humanos e fraternos. Penso que as autoridades tomaram a decisão mais sensata no momento — comenta outra moradora que prefere não se identificar.