Cerca de 40 minutos após ser informado da morte da esposa, registrada na manhã de terça-feira (14) em decorrência de complicações relacionadas ao Mal de Alzheimer, um idoso de Caxias do Sul, que já estava internado por conta de uma metástase, também acabou morrendo. Maria de Lourdes Frizzo, 78, e Roberto João Frizzo, 80, eram casados há 56 anos, tendo celebrado Bodas de Ouro — 50 anos de casamento — em julho de 2013. Ambos serão velados na Capela A do Memorial São José e cremados nesta quarta-feira (15) após uma missa marcada para as 10h.
— É uma verdadeira história de amor. Ela estava muito debilitada nos últimos anos e o pai sempre dizia que queria que ela descansasse e que ele iria um minuto depois. Ele queria a tranquilidade de saber que ela finalmente estaria bem e sabia que não conseguiria viver sem ela — relata Simone Frizzo Salvador, 55, uma das três filhas do casal.
Maria de Lourdes teve óbito registrado às 9h14min na Clínica de Repouso Recanto das Laranjeiras, onde estava internada desde maio de 2017 em estágio avançado de Alzheimer. Ela era professora aposentada e, conforme a filha, sofria da doença há cerca de 20 anos. Mesmo em tratamento contra o câncer, Frizzo não ficava sequer uma semana sem visitar a esposa, que já não reconhecia mais nenhum familiar. Ele estava internado no Hospital do Círculo há cerca de dez dias em função de um tumor e morreu às 12h40min, pouco mais de três horas após a esposa.
— Contamos pra ele ao meio dia, ele fez uma expressão de dor, não conseguiu nem chorar, fechou os olhos e logo depois morreu — lembra a filha, comovida pela perda do pai que não era esperada pela família neste momento.
Mesmo com a idade avançada, Simone conta que o funcionário público aposentado era bastante ativo, surpreendendo a todos em 2019, quando foi à praia e decidiu voar de paraglider. Frizzo também é lembrado pela ligação com a música, tendo gravado três discos ao longo da vida, como cantor e violonista, com participação da esposa, na voz e acordeon, das filhas, e de outros familiares.
— Ele sempre foi muito romântico, gostava de cantar pra mãe. Durante a madrugada ela teve diversas paradas cardíacas, colocamos as músicas do pai, que já estava há 20 dias sem conseguir visitar ela por conta do câncer, aí acho que ela conseguiu ir em paz. Na mesma madrugada, ele passou por um procedimento que acabou o enfraquecendo, acho que era hora deles se reencontrarem — comenta a filha.
Durante 15 anos, Frizzo foi o principal cuidador de Maria de Lourdes, sendo convencido à interná-la quando a doença foi se agravando, nos últimos cinco anos.
— Deus teve compaixão. Eles eram muito unidos, se ajudaram muito ao longo da vida, mas agora estavam sofrendo — aponta Maria de Lurdes Fontana Grison, 64, amiga do casal há 44 anos.
A amiga e o marido conviviam com Maria de Lourdes e Frizzo em atividades junto à comunidade católica do bairro São Pelegrino, onde residiam, atuando com outros casais em movimentos como Emaús e Cursilhos e, Maria de Lourdes, como catequista.
Além disso, juntas, as Marias foram co-fundadoras da Cruz Vermelha na cidade, sendo Frizzo o primeiro coordenador da unidade local e Maria de Lourdes vice-presidente por um determinado período. Frizzo também foi coordenador da Pastoral Apoio ao Toxicômano Nova Aurora (Patna) de Caxias do Sul. Além de Simone, o casal deixa as filhas Rossane Frizzo Godoy e Paula Frizzo, três netas e um neto.