Encerrado o período estabelecido pela prefeitura para que a Associação Caxiense de Velocross (Ascave) deixasse a pista no Loteamento Vila Maestra, na Zona Norte de Caxias do Sul, o município deve ingressar, na próxima semana, com o pedido de reintegração de posse da área. O prazo da mais recente notificação da administração municipal se encerrou no dia 23 de agosto.
Leia mais
Em disputa judicial, prefeitura notifica Associação Caxiense de Velocross para deixar pista em 30 dias
Associação e prefeitura se enfrentam na Justiça pela administração de pista de velocross em Caxias
Assinada ordem de início para ampliação da Pista de Motocross de Caxias
Segundo a procuradora-geral do município, Cássia Kuhn, nesta segunda-feira (26) um fiscal realizou uma vistoria e confirmou que a área não foi desocupada pela Ascave. De acordo com Cássia, a ação judicial deve ser impetrada na próxima semana, já que neste momento o município está direcionando os esforços para o julgamento do caso Magnabosco.
A procuradora estima que, a partir do momento em que a prefeitura ingressar com o pedido de desocupação, o processo burocrático dure em torno de 40 dias, caso o juiz acate a ação de reintegração. A pista é ocupada pela Ascave desde meados de 2011, quando a entidade e prefeitura assinaram um termo de cedência de 10 anos.
O município quer rescindir o contrato para dar outra destinação à área. Um dos motivos alegados pela prefeitura é que a pista não estaria sendo utilizada por todos os grupos de motociclismo.
Segundo a secretária de Esporte e Lazer, Márcia Rohr da Cruz, o espaço será utilizado para opções de práticas esportivas junto à comunidade da região. Ela, no entanto, não detalha quais são os projetos que devem ser realizados no local.
"Atitude isolada do prefeito", diz diretor da Ascave
A decisão do município é motivo de reclamação por parte da Ascave. O diretor esportivo da entidade, Renato Nienow, considera que a retomada da área se trata de “uma atitude isolada do prefeito (Daniel Guerra), de caráter pessoal”. Ele aponta que a associação tem um contrato em vigor até 2021. De acordo com Nienow, não existe sustentação jurídica para retomar o espaço.
— Temos um contrato que tem mais dois anos de vigência e lutamos mais de 20 anos para conseguir esse espaço, não conseguimos de "mão beijada". Além disso, o motocross é um esporte radical muito diferente dos projetos desenvolvidos pela Secretaria de Esporte e Lazer em Caxias — destaca.
Ele aponta ainda que parte da estrutura existente no local foi construída com verbas particulares dos próprios membros da associação. Segundo o diretor, a Ascave chegou a ser contemplada com uma verba de R$ 12 mil pelo Financiamento Municipal de Desenvolvimento do Esporte e Lazer de Caxias do Sul (Fiesporte), em 2016, para organizar campeonatos na área, mas jamais recebeu o valor da prefeitura.
— O que a prefeitura nos cedeu foi a mão de obra para construção do alambrado, instalação da iluminação pública e dos banheiros, mas a verba para isso veio do governo federal. As demais estruturas, como galpão, parque para crianças, pista de asfalto para a prática do wheeling (modalidade específica de motocross), foram todas oriundas de verbas nossas — ressalta.