Lidar com a revolta de pacientes insatisfeitos com o alto tempo de espera por uma consulta se tornou mais uma atribuição dos profissionais da unidade de pronto atendimento (UPA) Zona Norte de Caxias do Sul. Na noite da segunda-feira, uma enfermeira foi agredida com um soco no rosto por uma paciente. Recém-formada e trabalhando há poucos meses na UPA, a profissional diz que ter sido agredida fisicamente só reforça a sensação de insegurança que tem diante dos usuários inconformados. Ela diz que agressões verbais são rotineiras.
A noite desta segunda teria sido mais uma de bastante movimento na UPA. Segundo a assessoria de comunicação da unidade, a paciente que agrediu a enfermeira entrou na unidade às 18h30min relatando dor de cabeça. Ela passou pela triagem sete minutos depois. Às 22h, quando aconteceu a agressão, a jovem ainda não havia sido atendida. A enfermeira conta que a paciente adentrou a sala em que ela fazia a triagem em outro usuário e pediu porque uma gestante havia sido atendido antes dela.
— Eu tentei explicar que gestantes têm prioridade, assim como idosos, e casos mais graves. Nós trabalhamos baseados nos sinais vitais das pessoas. Ela ficou indignada. A gente entende que é brabo esperar, mas não temos culpa — defende a enfermeira.
Ao perceber a irritação da paciente, a enfermeira disse ter pedido ajuda para um colega da UPA. Ao retornar para a sala, a paciente teria atingido o rosto da profissional. A enfermeira teve ferimentos na boca e precisou receber atendimento médico.
— Está bastante inchado ainda, sinto dor porque uso aparelho. Sangrou bastante, mas não precisou fazer ponto. Isto é bem comum acontecer, agressões verbais são bem comuns. Batendo porta, enchendo a gente de nome. A gente faz o possível pra atender eles. Não é por negligência, por falta de vontade que ficam esperando ali. À noite, tem menos médico. Eu sempre explico pra eles. Agora, agredida, eu sinto mais medo_ justifica a enfermeira.
O caso foi registrado na Polícia Civil como lesão corporal. A reportagem tentou contato para ouvir a versão da autuada de agressão, mas não obteve resposta.
Segundo a UPA, a paciente foi medicada e liberada.