Faltando cerca de um mês para o início do Carnaval Caxias do Sul, os blocos da cidade ainda correm atrás de recursos para financiar os eventos. Das nove solicitações encaminhadas à prefeitura até agora, três estão praticamente liberadas: os blocos da Ovelha, da Velha e do Luizinho, os mais conhecidos da cidade e que reúnem maior número de foliões. Outros dois blocos, ainda aguardam o aval do município para invadirem as ruas, o Bloco da Farofada, no dia 9, na Praça de Galópolis, e o bloco Afro Presença Negra, no dia 15, ainda sem lugar definido.
Em 2019, o Bloco da Ovelha completa cinco anos. A folia, que ocorre no dia 2 de março, pretende reunir cerca de quinze mil pessoas e vai circular pelas ruas Tronca, Feijó Júnior, Os Dezoito do Forte e Coronel Flores, encerrando na Praça das Feiras, no bairro São Pelegrino. Como a prefeitura não fornece apoio financeiro para custear as despesas dos blocos, os organizadores devem buscar recursos por meio de leis de Incentivo à Cultura (LIC).
Dos R$ 35 mil projetados como ideais, o Bloco da Ovelha já juntou cerca de R$ 18 mil até o momento. Segundo um dos organizadores, Leonardo Ferrolho, o recurso, apesar de ser menor do que o previsto inicialmente, é suficiente para lançar o bloco. No entanto, ele espera que ao longo dos próximos dias sejam captadas mais verbas.
- Temos atores, bailarinos, figurinos e músicas próprias e por conta disso a gente depende de conseguir mais apoiadores, mas isso acontece na última hora. Normalmente o carnaval acontecia em fevereiro e esse ano vai ser em março, então esperamos conseguir mais recursos até lá - comenta Ferrolho.
O Bloco da Velha, que vai para sua 9º edição nos dias 3 e 5 de março, na Rua Dom José Barea, tem expectativa de reunir mais de 60 mil pessoas. Segundo o organizador Germano Weirich, existe uma verba de R$ 150 mil firmada junto a empresários e o grupo aguarda apenas os últimos trâmites burocráticos para finalizar a captação de recursos, uma vez que os projetos já foram aprovados tanto pela LIC municipal quanto pela LIC estadual.
– Está faltando apenas a autorização de captação da LIC estadual – diz Weirich.
Ele acrescenta, porém, que não vê motivos de preocupação, uma vez que no ano passado essas liberação também saiu apenas no início de fevereiro.
Já a 3º edição do Bloco do Luizinho, que ocorre no dia 2 de março na Rua Jacob Luchesi, no bairro Santa Lúcia, tem expectativa de público de cerca de 20 mil pessoas. Segundo o organizador, Leonardo dos Santos, o recurso obtido com empresários para a realização do evento através da captação de recursos é de R$ 30 mil.
- Não é o suficiente para lançar do jeito que pretendíamos, mas já temos condições de realizar. Tem um custo que envolve toda a estrutura e mais 40 seguranças - destaca Santos.
No total, pela LIC municipal, os blocos estão autorizados a captar cerca de R$ 166 mil.
Terceiro ano sem aporte
Este será o terceiro ano consecutivo que escolas de samba e blocos de rua terão que viabilizar os recursos por conta própria, sem o aporte financeiro por parte do poder público. Em nota divulgada nesta terça-feira, a prefeitura ressaltou que, ainda assim, prestará apoio com serviços de secretarias municipais. Haverá a participação da Guarda Municipal no suporte à segurança, a organização do trânsito com a Fiscalização e monitoramento de denúncias por perturbação de sossego pela Secretaria de Urbanismo.
Eventos precisam de autorização prévia
A prefeitura de Caxias informou em nota que há normas para realização de eventos conforme a expectativa de público. Mobilizações consideradas de pequeno porte que tenham com até 5 mil pessoas precisam ingressar com solicitação de autorização e encaminhamentos até 30 dias antes do evento. Atividades de porte médio, que possam reunir de cinco mil a 10 mil pessoas, e de grande porte, com público acima de 10 mil participantes, devem ser solicitadas com antecedência de 60 dias, no Protocolo Geral.
As diretrizes, portanto, alertam pela irregularidade de eventos que não sigam esses requisitos, vedando, por exemplo, festas como a realizada no último domingo na Estação Férrea, no bairro São Pelegrino, quando houve confusão entre jovens e a Brigada Militar.
Leia também
"Já foi bom morar no São Pelegrino", afirma moradora do bairro após novo tumulto na Estação Férrea
Vereadora vê necessidade de rever legislação para disciplinar uso de áreas públicas de Caxias
"As autoridades não fazem nada", afirma líder comunitário sobre tumultos na Estação Férrea de Caxias