Os tremores de terra registrados na noite da segunda ainda pautavam as rodas de conversa entre moradores de diversos bairros de Caxias na tarde desta terça-feira. Já havia passado mais de 12 horas do incidente, mas a dona de casa Rita Comaski, 65 anos, ainda embargava a voz ao narrar a sensação de pavor. Ela estava deitada no sofá da sala, por volta das 21h30min, quando sentiu o assoalho tremer. O barulho forte fez com que levantasse e procurasse pelos vizinhos, na rua, para checar se todos estavam bem.
— Eu achei que um caminhão bem forte passou correndo por aqui, ou que um carro bateu. Parecia que alguém lá embaixo estava mexendo com a terra. Já pensou se acontece de novo? Só sei que, naquela noite, não consegui mais dormir — afirma.
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Dona Rita é moradora do bairro Bela Vista, de onde partiram várias ligações para os Bombeiros. Rosa Maria Bonho, 82 anos, que também reside ali, imaginou que alguém atirava uma pedra grande no telhado de sua casa.
— Com a força do tremor, eu vi que uma lata caiu no chão. Isso deu medo, nunca tinha visto coisa assim — descreve.
O residencial Sonata, que fica na Rua Ernesto Marsiaj, no bairro Petrópolis, teve alguns andares evacuados. Quando mais alto o andar, maior é a sensação de tremor, garantem os moradores. Assustada com o barulho de janelas batendo e o tremor das paredes, a família De Carli, que reside no décimo andar do Sonata, decidiu descer às pressas.
— Eu achei que o prédio estava caindo, era essa a sensação que nós tínhamos. As janelas começaram a bater, sentimos um tremor grande, minha filha mais velha começou a gritar. Nós descemos e ficamos uns 40 minutos na rua. Quando chegamos embaixo, outros vizinhos também estavam na rua — conta a advogada Rejane de Carli.
Os bombeiros chegaram cerca de meia hora depois para tranquilizar os moradores, conforme conta o proprietário de um bar próximo ao Sonata, Claudio Censi. O comércio dele estava cheio de clientes quando aconteceu o primeiro tremor.
— Todos começaram a falar que era alguém explodindo uma dinamite, algo assim. É difícil ver essa rua com acúmulo tão grande de gente, principalmente à noite — lembra.
Pelo menos 24 caxienses reportaram tremores no site do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). Só no entorno da Universidade de Caxias do Sul (UCS), foram quatro.
A casa da aposentada Neusa Lorenzi Gatelli, 69 anos, fica próximo ao Bloco A, onde fica a reitoria da universidade. O susto foi grande, garante e o sono demorou a chegar. Mas a aposentada garante que já viveu momentos mais tensos:
— Um que aconteceu há uns quatro ou cinco anos, aquele sim, a gente achou que a casa ia cair.