Logo após o término do desfile oficial de Sete de Setembro, que ocorreu na manhã desta sexta-feira em Caxias, um grupo de entidades realizou um desfile não oficial. Denominada 24º Grito dos Excluídos, a atividade contou com representantes de sindicatos, da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho, da Marcha Mundial das Mulheres de Caxias do Sul e da ONG Construindo Igualdade, entre outros. Em ato de protesto, eles desfilaram logo após a 5ª Delegacia de Polícia Rodoviária Federal, mas sem fazer parte do desfile cívico.
De acordo com o professor Lucas Taufer, 28 anos, responsável pela organização de um dos grupos integrantes do movimento, a Escola de Formação, Fé, Política e Trabalho, o principal objetivo da ação era chamar às ruas aqueles que estão em situação de opressão e dominação.
— Ele não faz parte do desfile oficial para justamente ir atrás, quando acabar o desfile, e mostrar que existe todo um Brasil que não é contemplado em marchas, no hino, na bandeira e no status quo. Esse grito é daqueles que efetivamente constituem aquilo que chamamos de povo brasileiro — explica.
Junto a ele, a coordenadora da ONG Construindo Igualdade, Cleonice Felix de Araújo, também participou do protesto. De acordo com ela, a principal pauta da instituição é reivindicar direitos:
— A população LGBT ultrapassa qualquer outra, nós transitamos em todos os segmentos. Então nós nos juntamos com o grupo dos excluídos para falar sobre a questão do SUS, da não terceirização, do movimento ter uma conselheira travesti, que sou eu, que está dentro de um Conselho Municipal de Saúde. Todas as nossas lutas, de toda a população, é a nossa luta. Nosso foco, hoje, é a saúde com qualidade.
Uma das mais jovens representantes da Marcha Mundial das Mulheres, a também presidente da União Caxiense de Estudantes Secundaristas (Uces), Estela Balardin da Silva, 18 anos, explica que, além de pedir por mais direitos às mulheres, os grupos do Grito dos Excluídos pedem políticas mais inclusivas em áreas como saúde, educação e cultura:
— A gente acredita que o povo precisa estar na rua. A gente precisa falar de todos esses retrocessos que nos atingem diretamente, principalmente nós, mulheres. A gente não pode se retrair e ter medo de avançar, mostrar que o povo tem direito, que o jovem merece, sim, sair das periferias e estar dentro das universidades. São direitos nossos. Uma saúde de qualidade, uma cidade com mais cultura, uma cidade em que o povo tenha o direito de estar na cidade, de ter acesso à cidade.
O protesto ocorreu pacificamente e sem interrupções.