Meiga, muito comunicativa, espontânea e sempre sorridente, Naiara Soares Gomes, sete anos, tinha os cabelos e olhos castanhos e um olhar esperto e expressivo. Inocente como toda criança, adorava abraços e costumava ganhar balas de vizinhos e donos de mercados próximos da casa onde morava ou no caminho da escola. Ela vivia com os irmãos de nove e 10 anos, tios e primos em uma casa de madeira no Loteamento Monte Carmelo, na zona sul da cidade.
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A garota não gostava muito de bonecas, mas adorava desenhar e brincar de estudar. É assim que as primas Renata Aparecida Gomes e Ana Cláudia Gomes da Silva, 30, descrevem a menina. Estudiosa, Naiara raramente faltava às aulas. Renata conta que tinha a garotinha quase como uma filha, já que chegou até mesmo a amamentá-la.
— Eu amamentei a Naiara, pois há uma diferença de apenas 14 dias entre ela e a minha filha. Sempre nos demos bem, foi convivência de irmãs. Tínhamos nossas briguinhas e nossos carinhos. Ela não brincava com boneca. Gostava de quebra-cabeça ou estava sempre mexendo no caderno. Tinha o universo dela — conta.
Figura marcante na escola, Naiara também gostava de entrar nas vans escolares em frente da Escola Municipal Renato João Cesa, no bairro São Caetano, para cumprimentar colegas e receber balinhas. Ao caminhar pelos corredores para chegar à sala de aula, distribuía abraços aos professores, o que de certa forma demostrava carência por viver longe da família. Nascida em Vacaria, a menina perdeu o pai aos dois anos, e foi afastada da mãe antes de vir para Caxias, há dois anos.
A tia Maria de Lourdes Gomes, irmã do pai de Naiara, afirma que assim que soube que a menina e os dois irmãos estavam em um lar temporário, à espera de adoção, pediu a guarda dos três à Justiça.
— Sempre tive pouco contato com meu irmão (pai de Naiara). Com menos de dois anos, a Naiara foi mandada para um lar de adoção. Então, descobriram que havia um outro vínculo familiar e me ligaram perguntando se eu não tinha interesse em adotar uma das três crianças. Falei que só adotaria se fossem as três juntas porque não queria deixar os outros esperando — disse ao Pioneiro.
Moradores e comerciantes do Monte Carmelo também descrevem Naiara como uma criança simpática e educada. Uma das vizinhas, que não quis se identificar à reportagem, conta que se alguém oferecesse uma bala à menina, a conquistava.
Naiara cursava o 2º ano do Ensino Fundamental na Renato João Cesa e completaria oito anos no dia 29 de agosto.
Até as 21h desta quarta-feira, o corpo seguia no Departamento Médico Legal (DML) e não havia definição sobre o velório da menina.