Cerca de 60 manifestantes ocuparam as cadeiras do plenário da Câmara de Vereadores Caxias do Sul durante a sessão da manhã desta terça-feira (14) em protesto contra a terceirização do Pronto-Atendimento 24h (Postão).
Na última sexta-feira (10) a Secretaria da Saúde informou que o Postão terá gestão compartilhada. Os serviços de urgência e emergência serão prestados por uma organização social sem fins lucrativos (pessoa jurídica).
Leia mais:
Em sete anos, sífilis infectou mais de 4 mil pessoas em Caxias do Sul
Prefeitura de Caxias do Sul garante novo Postão com recursos próprios
Com a mudança, os servidores que atuam no Pronto-Atendimento serão transferidos para unidades básicas de saúde (UBS), medida contestada pelos servidores municipais que protestaram no legislativo.
Conforme Fernanda Burkhardt, diretora de Saúde do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv), a entidade é contra as terceirizações por acreditar que a gestão do serviço público é de responsabilidade do município.
— O prefeito se diz gestor, mas está transferindo a administração para outros. Estamos aqui para sensibilizar os vereadores e mobilizar a comunidade contra essa onda de terceirizações, que na verdade tira do poder público a responsabilidade de gestão do serviço — defende.
Para a servidora Sônia Cristóvão, 44, que trabalha no Pronto-Atendimento como técnica em enfermagem há dois anos, a mudança no modelo de gestão deixará o atendimento ao público deficitário.
— O Postão é o único serviço que atende de portas abertas no município. É uma grande mentira dizer que, ao transferir os funcionários para as UBS e transformar o Postão numa UPA (Unidade de Pronto Atendimento), vai qualificar o serviço. A UPA (Zona Norte) não contempla muitos serviços que têm no Postão, como o de psiquiatria. Precisamos desse serviço aberto — exemplifica.
O edital para seleção da entidade que administrará o Postão deve ser lançado nesta semana. A previsão é de que a nova empresa comece a trabalhar em março de 2018. A Secretaria da Saúde informou que não conhece o teor da manifestação do servidores e, por isso, não pode se manifestar sobre o assunto.
Moradores questionam transferência de servidor no Esplanada
Também durante a sessão desta manhã, moradores do bairro Esplanada, na zona sul de Caxias, aproveitaram o espaço da Câmara de Vereadores para se manifestar contra a transferência de um servidor que atuava na UBS do bairro.
Conforme a aposentada Marta Lopes, 60, uma das organizadoras do ato, a comunidade quer saber porque o enfermeiro Sérgio Almeida Gardelin, que trabalhava há 15 anos na unidade básica, foi transferido para a UBS do Fátima Baixo.
— Ele participa de ações sociais, doações. Foi ele que doou os telefones para marcação de consultas da UBS. Está muito integrado com a comunidade, a gente não quer que ele saia. Gostaria de uma explicação da secretária (da Saúde, Deysi Piovesan) — reforça.
Conforme a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Saúde, o servidor foi transferido por conta do planejamento do programa UBS+. A nova organização da rede básica de atendimento prevê a divisão das unidades de saúde entre UBS de Referência e Satélites.
Nas primeiras, serão oferecidos os serviços que cada território mais demanda, como nutricionistas, por exemplo. Já as Satélites passarão a contar com mais profissionais da área médica e de enfermagem, que farão encaminhamentos para a Referência.
Ao todo, serão implantados 11 Territórios de Saúde: 10 na área urbana e um na área rural. A região do Esplanada sediará o projeto-piloto, que tem a UBS do bairro como Referência. As unidades Satélite serão São Caetano, Alvorada e Salgado Filho.