O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) mantém para o final de setembro a previsão de entregar a reformulação do entroncamento da BR-470 com a RSC-453, conhecido como trevo da Telasul, em Garibaldi. O ponto, por onde passam cerca de 20 mil veículos por dia, principalmente caminhões que transportam a produção de indústrias metalúrgicas, de mobiliário, frutas e verduras, entre outros itens, é um dos mais críticos do trânsito da Serra, com registros frequentes de acidente, mortes e engarrafamentos.
O problema no trevo é que, devido ao movimento intenso nas duas estradas, os motoristas precisam aguardar a travessia desorientada e cruzar duas pistas ao mesmo tempo para seguir viagem. Além disso, condutores e empresas vizinhas ao trecho reclamam da falta de sinalização, agravada à noite pela iluminação precária ou mesmo ausente.
De acordo com Adalberto Jurach, engenheiro do Dnit responsável pelo trecho, a expectativa é que a construção da nova rotatória alongada elimine os transtornos:
— Atualmente, as obras encontram-se em estágio final. Já estamos com, aproximadamente, 90% do total do projeto finalizado. Terminamos a parte de terraplanagem. Agora, estamos trabalhando nas alças de interligação com a RSC-453, na direção de quem vai para Farroupilha — afirmou Jurach.
Quem trafega pelo local já nota o avanço dos trabalhos, marcados pela presença de escavadeiras, trabalhadores e de tratores na via. No entanto, a entrega do projeto, que anteriormente estava definida para agosto, passou por um período de estagnação devido às chuvas, o que pode comprometer novamente a continuidade das operações. De acordo com o Dnit, se as condições climáticas não contribuírem para o andamento das obras, a conclusão e liberação do tráfego será postergada para o início de outubro.
O projeto que envolve a reformulação do entroncamento começou há cerca de um ano. Desde o fechamento do contrato, as obras estão sob a responsabilidade das construtoras Centro Leste (CCL) e Dalfovo. A rotatória foi pensada para se adaptar à duplicação da estrada e a construção de um viaduto, que permanece em segundo plano, de acordo com o departamento.
— A construção de uma elevada vai depender de articulação com o governo — pontua Jurach.
A modificação no trevo deve custar cerca de R$ 6 milhões, que foram bancados pelo governo federal.
Rótula divide opiniões
Apesar de necessária, a modernização do trevo e as alterações inerentes a uma obra de grande porte, como bloqueios, máquinas na pista e remoção de terras têm dividido as opiniões de quem percorre o trecho para acessar as empresas localizadas nas imediações. Uns acreditam que a rótula contribuirá para reduzir o tráfego e as filas no local e que os transtornos como um "mal necessário" para a conclusão da obra; outros reclamam da sinalização precária e se dizem incrédulos quanto ao impacto positivo da obra.
Durante a semana, o gerente da renovadora de pneus Chimba, Evandro Bassani, utiliza a BR-470 para chegar ao trabalho. Ele relata que vem acompanhando desde o ano passado a reformulação e se diz animado com os avanços.
— A gente não sabe como vai ficar depois de pronto, mas estamos ansiosos, pois esse tipo de mudança tem grande consequência para que passa por aqui. Eu acredito que vai ficar bom. A gente vê que o pessoal está trabalhando bastante. Até ficou parado uns meses, mas agora tem máquinas até aos finais de semana — relata Bassani.
Embora mantenha boas expectativas, o gerente analisa que a movimentação segue intensa no final da tarde, o que acaba gerando bastante congestionamento.
— Atrapalha um pouco o trânsito e o espaço da via é estreito. Ônibus e caminhões saem das empresas da volta e cruzam a faixa. É complicado, já que não há acostamento nem espaço para manobrar — revela.
Sobre essa situação, o Dnit esclarece que não está prevista a construção de acostamento para esse trecho da rodovia.
— Os veículos que precisarem acessar as fábricas, companhias e lojas próximas à rótula serão conduzidos ao acesso em uma via lateral, no lado esquerdo de quem vai de Garibaldi em direção a Bento Gonçalves — explicou Jurach.
A vizinhança tem se queixado também das condições do solo e da sinalização precária na via. Luana de Abreu, assistente administrativa, sente que o trânsito ficou inseguro.
— Como as placas não informam direito o trajeto, quando a gente chega no trevo, passa dificuldade e perde tempo para atravessar. E ninguém gosta de ficar esperando, né? — analisa.
O que diz o DNIT
Em nota encaminhada ao Pioneiro, o departamento garante que a rodovia está devidamente sinalizada com placas e cones e destaca o apoio da Polícia Rodoviária Federal para realizar o monitoramento e a segurança viária do trajeto em obras. A entidade informou também que o desvio, na segunda rotatória, no km 222, permanecerá em uso até a conclusão dos trabalhos na alças de acesso e na pista (no sentido Garibaldi-Bento Gonçalves).