Mais de 50% dos 1.433 atendimentos realizados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte, em Caxias do Sul, na primeira semana de funcionamento não constituem casos de urgência e emergência, área de referência da unidade. O dado foi divulgado pela prefeitura nesta sexta-feira (29). Conforme o balanço da Secretaria da Saúde, da tarde de 20 de setembro até a quinta-feira (28) foram, em média, 200 consultas diárias, com índice de 95% de satisfação do público.
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Os pacientes podem avaliar o serviço por meio de totens espalhados pela UPA. De acordo com Ana Paula Fonseca, diretora da Rede de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde, o modelo permite ao poder público ter acesso a informações sobre os atendimentos e o perfil de público que frequenta a unidade. A divulgação de números mais específicos, porém, depende da integração dos sistemas da UPA, que ainda não foi concluída.
No entanto, pelos dados preliminares, pode-se considerar que a população está utilizando o serviço como alternativa às unidades básicas de saúde (UBSs), que têm horários de atendimento mais restritos e, às vezes, menos médicos. Para Ana Paula, a primeira semana da unidade foi positiva, e ações para integrar o serviço ao restante da rede municipal estão sendo empreendidas.
— Eu vou pessoalmente até a UPA todos os dias. É o período de fazer alguns alinhamentos. Na próxima semana, teremos gerentes de UBSs indo à UPA conhecer a estrutura. Ela tem gestão compartilhada, mas faz parte da rede de saúde pública — explica.
A UPA tem capacidade de receber cerca de 350 atendimentos diários, 150 a mais do que a média inicial. O Pioneiro buscou uma avaliação da primeira semana da UPA com a administradora da unidade, Eliana Ferreira, mas ela optou por não falar com a reportagem.
QUANDO PROCURAR A UPA
:: Para atendimento de urgência e emergência em clínica médica, pediatria e odontologia.
:: Em casos de pressão e febre alta.
:: Após fraturas e cortes profundos.
:: Situação de infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).
:: Para exames como raio X e eletrocardiograma.
TEMPO DE ESPERA NA UNIDADE
A UPA funciona com sistema de triagem de padrão internacional, com classificação por cores que vão de azul (menos grave) a vermelho (maior gravidade).
:: AZUL: no mínimo duas horas de espera.
:: VERDE: no mínimo uma hora de espera.
:: AMARELO: 30 minutos de espera.
:: VERMELHO: atendimento imediato.
Postão não apresenta mudanças
A UPA abriu com a expectativa de desafogar o Pronto-Atendimento 24 Horas (Postão), pela redução em cerca de 30% da demanda do local. Segundo a diretora da Rede de Urgência e Emergência da Secretaria de Saúde, ainda é cedo para observar se isso realmente aconteceu.
— Ainda não conseguimos fazer um comparativo com o Postão. Precisamos de um pouco mais de tempo para avaliar se a UPA reduz os 30% da demanda, ou se esses 200 atendimentos diários são uma demanda reprimida que não tinha sido detectada — aponta Ana Paula Fonseca.
Ela explica que ainda não é possível fazer um comparativo entre os números de atendimento da UPA e os do Postão, já que o sistema deste último não é informatizado. O pronto-atendimento costuma atender, em média, 400 pessoas por dia.
Ana Paula reforça que toda a população de Caxias pode procurar a UPA.
— A UPA é para todo mundo, não apenas para quem mora na Zona Norte, onde fica a unidade.
QUEM MAIS PROCUROU A UPA
Confira os bairros que mais vezes buscaram atendimento durante a primeira semana:
1 - Santa Fé
2 - Centenário
3 - Nossa Senhora do Rosário
4 - Nossa Senhora de Fatima
5 - Pioneiro
6 - Serrano
7 - Santa Catarina
8 - São Cristóvão
9 - Desvio Rizzo
10 - Pôr do Sol
Denúncia de irregularidades preocupa a prefeitura
A informação de que a contratação dos médicos da UPA na modalidade de Pessoa Jurídica (PJ) seria irregular, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), causa estranheza na prefeitura de Caxias. Conforme a Ana Paula Fonseca, se a ilegalidade for confirmada, vários serviços de saúde de Caxias estarão em risco.
— Eu conheço e confio no julgamento do Vanius (Corte, gerente regional do MTE). Me causou estranheza e preocupação com toda a saúde do município. Se, de fato, não se pode contratar médico como Pessoa Jurídica, isso prejudica diversos serviços de saúde pois ocorre com frequência em hospitais e serviços de emergência privados — aponta.
O Instituto de Gestão e Humanização (IGH) tem até o dia 10 de outubro para provar ao MTE que está em dia com as leis trabalhistas.