Motivados por denúncias, membros do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) realizaram, nesta quinta-feira, uma série de vistorias em instituições de saúde de Caxias do Sul. Durante cerca de seis horas de inspeção, fiscais percorreram cinco unidades básicas de saúde (UBSs), os hospitais Pompéia e Geral e o Pronto-Atendimento 24h. A situação do Postão foi considerada a mais preocupante e uma possível interdição ética, que proibiria a atuação de médicos, incluindo consultas, internações, cirurgias e demais procedimentos, não está descartada.
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Conforme o presidente da entidade, o médico Fernando Weber Matos, a falta de profissionais e a superlotação dos setores de urgência, incluindo os hospitais visitados, foram pontos destacados pelos fiscais. Os dados, porém, são sigilosos e somente serão divulgados em relatório público. O documento será encaminhado à Secretaria Municipal da Saúde, ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Ministério Público Estadual (MPE-RS) num prazo de 10 dias.
– A vistoria nos trouxe definições nada agradáveis. Ao fazer esse pente-fino, a gente encontrou mais situações ruins do que imaginávamos. São questões que influenciam muito no atendimento médico e que precisam de uma rápida solução para garantir um bom atendimento para a população – explica.
De acordo com o Cremers, o procedimento realizado na cidade é necessário para garantir a segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde que atuam no local. No caso específico do Postão 24h, os fiscais inspecionaram as instalações e também coletaram dados referentes ao quadro de funcionários e o número de pessoas atendidas diariamente. Apesar dos dados serem sigilosos, o presidente destaca a falta de ar-comprimido, que existe em pouca quantidade no local e prejudica os atendimentos. Outros problemas não foram revelados.
Já nas UBSs visitadas, problemas estruturais, falta de responsáveis médicos e de diretores técnicos, além do pouco número de profissionais para consultas também devem embasar o relatório. A superlotação da emergência do Hospital Pompéia é outro ponto que será questionado pelo Cremers. Sobre o Hospital Geral, o presidente não fez apontamentos.
– Faremos um relatório minucioso e vamos dar um tempo para que a gestão dos locais vistoriados regularizem a situação. O prazo para a reestruturação varia de acordo com a gravidade do problema, mas é em torno de uma semana até 10 dias após a entrega deste documento. Todo esse processo é para que seja possível garantir que a população e também os profissionais da saúde não sejam prejudicados ainda mais – afirma Matos.
A falta de diálogo entre a prefeitura de Caxias e a categoria médica é elencada por Matos como um dos principais motivos para o caos em que se encontra a saúde pública na cidade. Ele, inclusive, deve citar essa observação no relatório da vistoria. Além disso, o Cremers também deve solicitar a abertura de uma sindicância para investigar a morte de Rosalina Slongo, 77 anos, que morreu na sexta-feira passada após três dias aguardando um leito hospitalar.