Após o aumento no número de adolescentes que participam do desafio "Baleia Azul", em Farroupilha, o Conselho Tutelar emitiu um alerta para chamar a atenção contra possíveis casos do jogo suicida na cidade. O caso mais recente trata-se de um menino de 14 ano que teria acessado a página: o garoto pretendia cumprir as provas perigosas e até cometer o suicídio.
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Conforme o conselheiro Dilço Batista Rodrigues, todos os caso que chegam até o órgão são acompanhados de perto. Os adolescentes, inclusive, são encaminhados para atendimento com assistentes sociais, psicólogas e psiquiatras. Além disso, os pais são orientados a restringir qualquer tipo de acesso a internet dentro e fora de casa.
– Nos impressiona o aumento no número de casos e por isso estamos buscando estratégias capazes de banir a prática desse desafio no município. O alerta é para que as famílias e escolas fiquem atentas ao comportamento destes jovens e tentem identificar a presença do jogo o quanto antes – explica Rodrigues.
O conselheiro também acredita que a curiosidade despertada com frequentes notícias sobre o desafio 'Baleia Azul' pode ter provocado o aumento nos registros.
– O adolescente está sempre conectado e é óbvio que muitos se deixam influenciar por conteúdos como o deste jogo. O que precisamos é que os pais fiquem atentos, controlem o tempo, o que o filho faz na internet e converse sobre os perigos da plataforma. Somente assim vamos prevenir que este desafio se dissemine cada dia mais – acredita Rodrigues.
Foi justamente por conhecer o formato do jogo que a família do garoto de 14 anos, que tem o nome preservado em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), conseguiu evitar o pior. De acordo com o delegado Rodrigo Morale, a princípio, colegas e professores do garoto haviam estranhado a mudança de comportamento dele e, então, alertado a mãe do adolescente, que já tinha conhecimento sobre o desafio. A mulher procurou a polícia na tarde de segunda-feira.
– Pretendo ouvir o menino nos próximos dias para iniciar uma investigação. Sabemos que é uma rede bem fechada, mas a ideia é chegar até os organizadores do jogo. Enquanto isso, os pais precisam ficar em estado de alerta sempre – afirma Morale.
Apesar de ainda não ter se automutilado, uma das regras do desafio, o adolescente já estava se isolando dos amigos e, inclusive, se despedindo. Depois do aviso da escola, a mãe também observou mudanças no comportamento do garoto. De acordo com o boletim de ocorrência, ao ser questionado sobre a participação no desafio, o adolescente teria dito que não queria mais viver e pensava em tirar a própria vida. Ele também confirmou que havia sido convidado por um colega para participar do jogo.
O Conselho Tutelar também orienta que todos os casos suspeitos sejam denunciados: o registro de ocorrência é essencial para uma investigação mais aprofundada. O Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (DECA), ligado a Policia Civil, e o Ministério Público também já estão em alerta.
SAIBA COMO IDENTIFICAR AS MUDANÇAS PROVOCADAS PELO DESAFIO
- Falar sobre morte e suicídio, mesmo que indiretamente, como vontade de "sumir", "desaparecer", "ir embora";
- Isolamento (afastar-se da família, dos amigos);
- Perda do interesse em atividades que costumava fazer;
- Perda do interesse nas pessoas;
- Mudança no hábito de sono (insônia ou aumento das horas dormidas);
- Mudanças dos hábitos alimentares (perda ou aumento de apetite);
- Irritabilidade, crises de raiva;
- Piora no desempenho escolar;
- Recusa a ir à escola;
- Comportamentos autodestruitivos (automutilação, uso de álcool e drogas, exposição a situações de riscos);
- Ter tentativas de suicídios anteriores;
- Mudanças de comportamento em geral;
- Em pessoas que vem com quadro depressivo, melhora repentina (podem simular melhora para conseguir executar o ato suicida);
- História de suicídio ou tentativa de suicídio na família;
- Diagnóstico prévio de doença mental;
- Exposição à violência;
- Situação de bullyng;
- Abuso sexual prévio ou recente;
- Postagem de baixo-autoestima nas redes sociais;
- Interesse anormal por filmes de terror, passando horas assistindo;
- Preocupações repentina com mortes, morrer e violência.
*Fonte: Conselho Tutelar de Farroupilha