Depois de um novo caso de agressão contra motoristas do Uber em Caxias do Sul, um grupo de mais de 70 parceiros do aplicativo foi até a Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade nesta quarta-feira para solicitar reforço na fiscalização aos táxis, ações de combate à violência e a identificação e exclusão dos autores do ataque da prestação do serviço público.
Na madrugada de segunda-feira, em meio às festas de Carnaval, quatro suspeitos teriam cercado um profissional do Uber na Rua Vinte de Setembro, esquina com a Andrade Neves, no Centro, e fraturado o rosto do homem com uma paulada. O secretário Cristiano de Abreu Soares prometeu, ao fim do encontro, mais rigor para coibir irregularidades como esta, mas deixou claro que pouco pode fazer em relação à segurança, já que os fiscais devem se restringir apenas às autuações de trânsito.
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– Não andamos armados, não temos cassetetes. Levaremos as demandas ao secretário Mallmann (José Francisco, da Segurança). Confesso que até eu sinto medo. Do jeito que a coisa está, não sei o que pode acontecer – afirmou Soares.
Ele ouviu sugestões como blitze surpresa nos pontos de táxi, o impedimento de formação de filas duplas em frente a casas noturnas e saídas de shows e a destinação de áreas para embarque e desembarque de Uber em locais de grande movimento. No sábado, em abordagem no Largo da Estação Férrea, bairro São Pelegrino, as forças de segurança pública encontraram facas, bastões e porretes em 24 táxis.
A apreensão das armas brancas ocorreu num momento de tensão entre taxistas e motoristas do Uber. O aplicativo ainda não está regulamentado em Caxias. No dia 16 de fevereiro, mais de 100 parceiros do Uber lotaram o Plenário da Câmara de Vereadores do município para relatar situações de perigo e constrangimento que vêm enfrentando, principalmente à noite.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara levou as queixas ao MP e pediu a abertura de inquéritos contra os acusados. Um dos que falou no Legislativo foi o condutor atacado na segunda-feira. Segundo ele, que pediu para não ser identificado pelo nome, a agressão foi uma retaliação:
– Disseram que se eu fui homem para denunciar lá (na Câmara), era para ser no cara a cara. Eles sabiam quem eu era, tinham áudios gravados da minha fala. Citei as placas dos carros, e eram as mesmas de agora. Estou sendo perseguido em virtude das denúncias.
Na semana passada, o MP encaminhou à prefeitura um ofício com propostas para evitar novos conflitos. A principal, de acordo com o promotor Adrio de Paula Gelatti, é ampliar a presença de servidores da Guarda Municipal em pontos considerados críticos, como a Estação Férrea, o aeroporto e a rodoviária.
Na sexta-feira, o sindicato dos taxistas deve lançar um aplicativo próprio que oferece descontos de até 30% aos passageiros. A entidade também elaborou um projeto de lei para regulamentação do Uber, com ideias como a padronização de todos os carros do concorrente na cor preta, o teto de habilitações de somente 20% do total da frota de veículos dos táxis e a cobrança só por cartões de crédito e débito. Outro projeto, de autoria do vereador Adiló Didomenico, foi protocolado na Câmara de Vereadores e deve ser analisado neste mês.
O que diz Adail da Silva, presidente do Sindicato dos Taxistas
"Vou tentar uma agenda com o secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade na semana que vem. É uma meia dúzia que tenta denegrir a imagem de todos. Eles têm de tomar uma atitude logo. Não dá mais".