A população de Caxias do Sul parece ter se programado para a greve dos rodoviários, que começou na manhã desta segunda-feira. Grande parte das paradas de ônibus amanheceu vazia. Na Estação Principal de Integração (EPI) Floresta, onde os veículos do transporte coletivo começam a operar às 5h20min, o auxiliar de segurança Cristian Valdemar Paz Lima circulava praticamente sozinho por volta das 6h. Ele trabalha no bairro São José e foi o primeiro passageiro a chegar ao local. Disse que não sabia da paralisação.
– Vi algo pelo Facebook, mas decidi vir. Pedi informações e falaram que não tem previsão de retorno. Meu chefe vai vir me buscar – disse.
Também na EPI Floresta, a vigilante Lucia Mota aguardava o ônibus para ir até o Hospital Pompéia, no Centro, onde tinha uma consulta às 6h45min, marcada há mais de seis meses.
– Vou ter que ir à pé porque não temos carro. Disseram que 70% dos ônibus iam circular, mas a gente chegou aqui e não tem nada. E agora até os médicos de greve, nem sei se vou conseguir a consulta – lamentou ela, que é moradora do bairro Mariani.
Na EPI Imigrante, também não houve fluxo de passageiros. Normalmente muito movimentada, a estação amanheceu vazia. Apenas duas viaturas da Brigada Militar e uma da Guarda Municipal estavam posicionadas próximo ao Monumento ao Imigrante para evitar possíveis conflitos em decorrência da paralisação.
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Técnica em enfermagem no Hospital Pompéia, Isabel Cristina Soares precisou pedir carona a uma amiga para não chegar atrasada ao trabalho. Normalmente, Isabel entra no ônibus do bairro Charqueada às 6h05min. Às 6h50min, bate o ponto.
– Combinei com uma amiga de me pegar aqui. Se não, teria que ir à pé e chegaria atrasada. A gente se programou desde a semana passada porque sabíamos da greve – disse.
As paradas das ruas Bento Gonçalves e Sinimbu também estavam vazias no início desta manhã.
Dono de uma lanchonete na Rua Dr. Montaury, no Centro da cidade, Osmar Menegat, 50 anos, ficou impressionado com a falta de movimento. O comerciante abre os estabelecimento às 5h30min diariamente e, nesta segunda-feira, foi surpreendido pelo local sem clientes.
– Dá medo (de a greve continuar). Vou fazer o quê? Meu aluguel não tenho desconto. Minha luz estou gastando. Não tenho desconto nas contas. Tenho que pagar. Vou tirar de onde? Esta greve está me prejudicando. Eu dependo 80% dos clientes das paradas de ônibus. Vou fazer o quê? – disse.
No entorno de colégios a movimentação de carros foi mais intensa que o normal. Estudante do Colégio Cristóvão de Mendoza, Elisandra de Moraes, 15 anos, precisou pedir carona ao avô para ir à aula. Ela mora no bairro Santa Tereza e, normalmente, utiliza o transporte coletivo para se deslocar até a escola.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, a paralisação dos motoristas e cobradores da Visate será por tempo indeterminado. Nesta segunda-feira, a entidade vai entrar com uma ação na Justiça para reverter o percentual de 70% de circulação da frota em horários de pico exigido pela prefeitura de Caxias por meio de uma liminar. Segundo o presidente do sindicato, Tacimer da Silva, a greve geral ocorrerá somente nesta segunda-feira, em um primeiro momento.