Profissionais que se destacavam em seus cargos e justamente por isso foram escolhidos para cobrir o grande evento esportivo que seria a final da Copa Sul-Americana, que deveria ser realizado na quarta-feira, André Podiacki, Bruno Silva, Djalma Araújo, Giovane Klein e Laion Espíndula deixam parentes, amigos e uma memória de coberturas jornalísticas de qualidade.
Veja abaixo o perfil dos cinco jornalistas do grupo RBS/SC que acompanhavam o time da Chapecoense no voo para Medellín, na Colômbia.
André Luiz Goulart Podiacki, 26 anos - repórter do Diário Catarinense
Tripeiro do Estreito, nascido na Carmela Dutra, fã do Dazaranha e torcedor do Figueira. André Luiz Goulart Podiacki, ou apenas Podi, era o típico manezinho boa praça de sorriso fácil e coração grande. O amigo de todos era um jovem repórter que já tinha no currículo grandes coberturas como campanhas de acesso de clubes catarinenses à Série A, torneios internacionais de tênis e outros esportes realizados em solo catarinense nos últimos anos. O coração alvinegro não o impedia de fazer coberturas precisas como a do jogo em Londrina que garantiu o acesso do Avaí na semana passada ou da partida para cardíaco que levou a Chapecoense para a final que nunca ocorreria da Copa Sul-Americana.
Apesar da pouca idade, Podiacki tinha mais de seis anos de reportagem no grupo RBS/SC, onde chegou como estagiário e passou por todas as fases até ser o repórter referência na editoria de Esportes, chamado para coberturas em outros Estados e países. A dedicação ao trabalho ainda fez com que o jornalista voltasse à sala de aula. De olho no país-sede da próxima Copa do Mundo, passou cerca de dois anos estudando russo.
– O Podi estava em um momento especial na carreira. Ele falava isso com a gente, que estava fazendo coisas relevantes no trabalho. Na segunda-feira ele mandou uma mensagem em um grupo de amigos, antes de embarcar para São Paulo, dizendo isso, que estava muito feliz e que iria fazer um grande trabalho na Colômbia. Não é porque morreu que virou santo. Ele era realmente um cara sem igual, que só tinha amigos na vida – conta Jorge Oliveira Jr, editor de Esportes do jornal Hora de SC.
Bruno Mauri da Silva, 25 anos - técnico de externa da RBSTV
O cuidado com a qualidade do sinal de imagem dos jogos dos times catarinenses estava sob a responsabilidade do técnico de externas Bruno Mauri da Silva desde meados de 2014. O palhocense de 25 anos era um dos profissionais de confiança do setor técnico para coberturas em momentos importantes. Por isso, foi o responsável pela transmissão dos principais jogos dos clubes catarinenses em viagens, incluindo a partida da Chape contra o San Lorenzo, na Argentina.
Formado no curso de tecnólogo de Telecomunicações pelo Instituto Federal de SC (IFSC), Bruno trabalhava na RBSTV desde 2012. Para colegas mais próximos, vai ser lembrado como um jovem que se destacou pelo interesse em aprender e colaborar.
– O Bruno estava muito empolgado com o momento profissional, pois estava participando de coberturas importantes. Na sexta-feira passada ele fez a operação de transmissão externa do Programa Bem Estar, da Globo, que foi na beira mar do Estreito. Na última viagem da Chape para a Argentina, ele me mandou uma dica de adaptado de corrente elétrica que ele viu na loja do aeroporto. Ele era isso, mesmo nos momentos de folga estava pensando em produzir melhor – conta Ricardo Barreto, coordenador de Operação da RBS TV/SC, mostrando a mensagem do colega de trabalho feita encaminhada dias antes.
Djalma Araújo Neto, 35 anos - repórter cinematográfico da RBSTV
"Um dos melhores olhos da televisão catarinense." A descrição feita por colegas de trabalho do repórter cinematográfico Djalma Araújo, manezinho e avaiano, mostra um profissional com trabalho diferente, que vê "pautas dentro da pauta", cita Rogênio Silva, coordenador de Operações de Imagem da RBSTV. Pai de dois filhos, ele estava desde 2003 nos quadros da RBSTV e tinha experiência em coberturas esportivas, como os Jogos Pan-Americanos do Rio em 2007.
O profissionalismo o tornou em uma referência para colegas. Outra característica singular era a capacidade de editar as imagens que garimpava nos gramados e nas arquibancadas.
– O Djalma olhava para a torcida e achava algo diferente, uma criança chorando, um torcedor emocionado. Ele tinha esse olhar humano, isso era fantástico. Além de câmera, ele era editor de imagens. O Djalma não era o cara que chegava com cinco cartões para decupar, era apenas um com as melhores tomadas. Para ir a Medellín, disse a editores que não usaria mala para os equipamentos, levaria duas mochilas e câmera na mão porque não confiava no despacho das empresas de aviação. Ele era isso, a garantia de que teríamos as imagens – diz Rogênio, emocionado com a perda do colega de trabalho e amigo pessoal.
Giovane Klein Victória, 28 anos - repórter da RBSTV
As imagens compartilhadas em redes sociais da extensa coleção de camisas de clubes de futebol entregam o quanto o repórter Giovane Klein amava o esporte. Boa parte ele adquiriu acompanhando viagens da Chapecoense, cada vez mais frequentes nos últimos meses com a sequência de campanhas surpreendentes.
Gaúcho de Pelotas, Giovane desembarcou em Chapecó há pouco mais de três anos para acompanhar a esposa, também jornalista, na cidade do Oeste. Em 2015 entrou na RBSTV, onde fez amigos e deixou lembranças das brincadeiras na redação.
– Era brincalhão e tinha uma paixão gigantesca pelo futebol. Apesar de não ser de Chapecó, aos poucos foi de contagiando pelo time e pela cidade, como todos que são de fora aqui. O Giovane era muito criativo e isso combina com reportagens esportivas, por isso acabou ocupando esse espaço de setorista do time da cidade – afirma Gilmar Fochessato, coordenador de telejornalismo da RBSTV em Chapecó.
Laion Machado de Espíndula, 29 anos - repórter do GloboEsporte.com
As histórias do gaúcho de Terra de Areia e do sucesso da Chapecoense se cruzaram após a Copa do Mundo no Brasil. Para cobrir o time que estreava na Série A do Brasileirão em 2014, a equipe do globoesporte.com precisava de um jornalista em Chapecó. A solução veio do Estado vizinho. Laion tinha trabalho como freelancer para o portal e virou setorista da seleção do Equador, que ficou baseada no Rio Grande do Sul na Copa. O bom trabalho e conhecimento sobre sobre futebol levaram ele para o Oeste catarinense, onde cobriu as campanhas nos campeonatos Brasileiro, Catarinense e a Sul-Americana.
Em Chapecó, Laion também virou professor do curso de jornalismo em uma faculdade da região. A boa adaptação se juntou ainda à torcida para o clube que virou xodó do Brasil pela campanha Copa Sul-americana. Por isso, ao saber da confirmação que viajaria para a Colômbia com a equipe de cobertura da final, na sexta-feira passada, a reação foi de vibração.
– Só conseguimos confirmar a passagem dele na sexta. Ele mandou uma mensagem de "Dá-lhe!". Isso mostrava um pouco da paixão e comprometimento que ele tinha com o trabalho. Era uma pessoa que sempre estava disposta a ajudar e fazer mais – lembra o editor do globoesporte.com em Santa Catarina, Vitor de Oliveira.