
No dia seguinte à escolha de Robert Prevost como o novo Papa, os cardeais brasileiros que estão no Vaticano concederam uma entrevista coletiva sobre a eleição de Leão XVI. O primeiro a falar nesta sexta-feira (9) foi dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Ele descreveu a participação no conclave como "uma experiência intensa de fraternidade marcada pela fé". Dom Jaime também destacou a diversidade dos membros do Colégio Cardinalício como uma marca importante da Igreja:
— É uma diversidade que enriquece. Poder ouvir esses homens contando um pouco das situações de suas realidades, mas também as expectativas em vista do bem de toda a Igreja, é uma experiencia única.
Participaram da coletiva os cardeais dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, o gaúcho dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador, que votaram no conclave, além de dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida que, por ter mais de 80 anos, não participou da escolha do Pontífice.
O cardeal João Braz de Aviz participou do conclave mas não esteve presente na entrevista desta sexta-feira.
Comparação com filme
O gaúcho dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, participou de um conclave pela segunda vez. Na coletiva, ele mencionou o filme indicado ao Oscar inspirado na escolha do líder da Igreja Católica:
— A fantasia da opinião pública é muito fértil em torno do conclave ainda mais depois de ter visto o filme Conclave. Mas, para falar do conclave de verdade, esquece aquele do filme.
Scherer seguiu explicando os ritos e o processo de escolha de um novo pontífice:
— O conclave de fato é uma celebração. Uma celebração precedida de 10, 12 dias de reflexão e partilha de considerações sobre o estado da Igreja, sobre as situações do mundo. Fazendo isso, os cardeais traçam o perfil do futuro papa, ainda que sem ser de forma direta.
Dom Odilo explicou que, após o início do conclave, os dias são marcados por oração, votações e escrutínio. No entanto, há momentos de convivência fora da Capela Sistina:
— Sem, contudo, que isso se torne uma espécie de comício, de apresentação de candidatos ou negociação. Isso não existe.
Dom Orani Tempesta completou:
— O que impressiona é o seguinte: nós vimos Deus agir.
Dom Sérgio da Rocha mencionou uma visita que Robert Prevost faria ao Brasil. Estava prevista a celebração de uma missa em Salvador, mas, devido ao conclave, a viagem foi cancelada. Ainda assim, dom Sérgio mantém a esperança de recebê-lo no país:
— Deus tem seus caminhos. Quem sabe poderemos receber futuramente o papa Leão XIV, já que não pudemos receber recentemente o cardeal Prevost.
O cardeal também comentou a relação do novo Pontífice com a América Latina e com o próprio país, dizendo que ele é "alguém que demonstrava grande afeto pelo Brasil".
* Produção: Camila Mendes