O delegado responsável pelo caso da chacina de uma família ocorrida no domingo em Joinville, Dirceu Silveira Junior, garante que a linha de investigação aponta para Roberto Pasquali, 24 anos, como autor dos assassinatos. Para Dirceu, os fatos apresentados até o momento são claros: uma testemunha viu Roberto matar o pai e a mãe (antes, matou a mulher e o filho) e todas as evidências na cena do crime confirmam essa versão. Ainda nesta semana, a polícia vai ouvir testemunhas e começar a apurar os fatores que levaram Roberto a cometer os crimes contra a família e a se suicidar.
- Já surgiram diferentes versões, mas a única que é confirmada pela perícia preliminar e pelas evidências no local é a que aponta Roberto como culpado - reforça Dirceu.
Segundo o delegado, não há evidência que leve a polícia a acreditar que o pai teria matado a família, até porque uma testemunha o viu ser assassinado por Roberto. O inquérito policial, informa o delegado, vai tentar apontar as motivações do crime, o que teria levado Roberto a ter esse surto de violência.
- De concreto, o que se tem hoje, e acredito que isso não deva mudar, é que ele foi acometido de um surto de violência, matou os familiares e depois se matou.
Leia mais notícias de Joinville e região no AN.com.br
A brutalidade dos crimes chama a atenção até do delegado, que tem mais de 30 anos de atuação na polícia.
- Eu nunca vi algo assim em Joinville. Uma tragédia dessa proporção, em ambiente familiar, é sem precedentes. É chocante - afirma Dirceu.
A família foi velada no centro social da igreja matriz de Santa Izabel do Oeste (PR). A polícia deve concluir o inquérito em 30 dias.
Roberto é descrito como pessoa reservada e tranquila
Até a triste manhã do domingo que passou, Roberto Pasquali, 24 anos, nunca havia demonstrado ser uma pessoa violenta, segundo amigos e familiares. Ao contrário: o que se ouvia era a descrição de uma pessoa reservada e tranquila. No domingo, a família estava reunida na casa em que morava, no bairro Aventureiro, em Joinville, preparando um churrasco para o almoço. Foi quando os gritos chamaram a atenção dos vizinhos. Roberto matou, com golpes de faca e com tiros, o filho, Júlio César Pasquali, de três anos; a mulher, Aline Grasiela Dilkin, 25; o pai, Nereu César Pasquali, de 53; e feriu a mãe, Cleci Aparecida Melle Pasquali, de 50, que morreu ontem de madrugada. Depois, tirou a própria vida.
Cleci chegou a ser socorrida e levada para o Hospital São José. Passou por cirurgia ainda na noite de domingo, mas morreu na madrugada desta segunda-feira. Ela apresentava um corte grande no rosto e ferimento feito por arma de fogo na cabeça. O vizinho Jailton Rocha, de 32 anos, foi testemunha da tragédia. Ele roçava a grama de casa quando começou a ouvir os tiros e a gritaria. Os pais de Roberto estavam na garagem da casa, assando a carne para o almoço. O filho, a mulher e o neto estavam dento de casa. Jailton viu Roberto sair da cozinha, esfaquear e atirar no pai e na mãe, antes de se matar.
Surpresa para todos
Para a família, a versão que aponta a Roberto a culpa pelas mortes é dolorosa, difícil de acreditar. Parentes e amigos dizem que Nereu, pai de Roberto, é que seria doente e, algumas vezes, violento.
- Conheço o Nereu há mais de 30 anos. Vi o Roberto nascer e sei que ele não era violento. Para a gente, é difícil acreditar que ele tenha feito uma coisa dessas. Se fosse o pai, teria uma explicação. Por causa da doença, o Nereu às vezes ficava violento, tinha surtos. Mas o Roberto, nunca - conta Leonel da Silva, 53 anos, primo do pai de Nereu.
- O Roberto era calmo, sossegado. Nunca demonstrou que poderia cometer um crime desses - conta Jackson Moura, de 21 anos, primo e sócio de Roberto em uma vidraçaria.
Vizinhos também confirmaram à reportagem que a rotina na casa era tranquila.
O que diz a polícia