Com a decisão do Senado de levar a julgamento Dilma Rousseff, o PT trabalha em busca de ânimo na tentativa de virar votos até o final de agosto, a fim de preservar o mandato da presidente afastada. Nos bastidores, tanto a bancada no Congresso quanto o núcleo do Palácio da Alvorada consideram "baixíssimas" as chances de absolvição.
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A esperança do partido em uma reviravolta reside nos efeitos da delação premiada da Odebrecht, em negociação com o Ministério Público Federal (MPF), que cita o presidente interino Michel Temer. A empreiteira teria repassado R$ 10 milhões via caixa 2 a candidatos do PMDB, a pedido de Temer.
– O cenário é instável, muitas acusações ainda vão aparecer contra Temer. Não vamos desistir – afirma o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Apesar da expectativa de complicações para o interino, petistas admitem em conversas reservadas que a delação da Odebrecht também afetará nomes do partido, com desgaste para Dilma.O placar que aprovou a pronúncia do processo de impeachment foi um baque para aliados da presidente. Na votação de maio no Senado, quando a petista foi afastada, 22 parlamentares foram contrários ao impeachment, soma que caiu para 21.
Já os votos pró-afastamento subiram de 55 para 59, sendo que são necessários 54 no julgamento para efetivar a cassação do mandato. Assim, dilmistas precisam virar seis votos.
Petistas argumentam que foi "melhor" ficar com 21 parlamentares contrários ao afastamento, já que há conversas com senadores que podem ir com Dilma no julgamento, mas que evitaram uma exposição neste momento.
– Até agora, o mérito da discussão ainda não foi enfrentado no processo de impeachment. É possível buscar votos – assegura o senador Humberto Costa (PT-PE).Uma das últimas jogadas políticas de Dilma, a carta de apoio ao plebiscito das novas eleições não empolga dentro do PT. A avaliação é de que a presidente já deveria ter lançado o documento.