Uma ocorrência incomum na Serra terminou com desfecho feliz, nesta terça, quando a Brigada Militar e uma equipe do Grupo de Operações Táticas Especiais (Gate) resgataram com vida uma mulher de 60 anos feita refém por mais de 10 horas pelo companheiro na própria casa, no bairro São Roque, em Bento Gonçalves.
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A habilidade e a paciência dos policiais envolvidos na ação garantiram o sucesso no resgate marcado por uma exaustiva negociação. Nem sempre dá certo: mais comum em grandes centros urbanos, dois dos casos de maior repercussão no país não tiveram êxito: em 2000, o sequestro do ônibus 174, no Rio de Janeiro, e em 2008, o cárcere privado por cerca de 100 horas de uma jovem de 15 anos pelo namorado terminaram com a morte das vítimas.
Em Bento, agressor e vítima saíram sem graves ferimentos. Eva Costa Dias, encaminhada ao Hospital Tacchini após o resgate, recebeu alta nesta quarta. Prestou depoimento à polícia e pediu medidas protetivas contra o agressor, que é seu companheiro. Davi Abel de Brito, 33, está recolhido no Presídio Estadual de Bento. Foragido, tem passagens na polícia por vários crimes, incluindo homicídio. Conforme o registro de ocorrência, a vítima era padrasto de uma ex-companheira. Agora, ele responderá por cárcere privado e lesão corporal.
Coordenada pelo comandante do CRPO/Serra, o coronel Antônio Osmar da Silva, a operação montou um cerco à residência com cerca de 30 homens da BM, Polícia Civil, Gate e Corpo de Bombeiros. O negociador foi o próprio comandante da BM de Bento, major Álvaro Martinelli. Experiente, tem especialização na área e chegou a aprender a língua caingangue para negociar com os índios em Passo Fundo, onde já atuou.
- Ele (Brito) oscilava entre períodos de calmaria e violência. Segui a doutrina policial: negociar, negociar e negociar. O principal objetivo é preservar a vida. Nessa hora, é preciso se despir da função de policial, estabelecer contato, iniciar uma interação tentando desviar o agressor do seu objetivo inicial - explica Martinelli.
Durante as horas de cárcere privado, Brito exigia uma arma e passou quase todo o tempo segurando uma faca. À polícia, durante a ocorrência, Brito ameaçava matar Eva e cometer suicídio. Por várias vezes, abriu um botijão de gás e ameaçava usar um isqueiro. Com a instabilidade do agressor e sem avanços na negociação para libertar Eva, a polícia decide invadir o lugar.
Cárcere privado
Entenda a ação policial para resgatar mulher refém por 10 horas, em Bento Gonçalves
Operação reuniu cerca de 30 homens
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