Reféns e testemunhas do assalto ao Banrisul de Otávio Rocha, comunidade rural no interior de Flores da Cunha, conversaram com a reportagem sobre o ataque da manhã desta sexta-feira.
Grupos armados assaltam três bancos ao mesmo tempo na Serra Gaúcha
O relato de um comerciante e do vigilante da agência mostram que três bandidos precisaram de menos de cinco minutos para fazer uma verdadeira farra no distrito. Sem policiamento na localidade, o trio teve tempo e tranquilidade para render seis pessoas que estavam num bar. Dali, levaram o grupo para servir de escudo na rua contra uma eventual ação da Brigada Militar.
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Enquanto dois criminosos vigiavam os reféns, um terceiro bandido se dedicou a arrebentar portas externas e internas do banco a machadadas, ferramenta que foi deixa sobre o piso da agência durante a fuga.
O trio conseguiu pegar dinheiro dos caixas e fugiu num Siena prata em direção a Mato Perso, localidade que leva ao bairro Forqueta, em Caxias do Sul. Naquele momento, não havia policiais militares em Otávio Rocha, que depende do apoio das equipes que também patrulham a zona urbana de Flores da Cunha e outras localidades. Mais tarde, o Siena dos ladrões foi encontrado abandonado uma estrada de chão. O carro havia sido furtado no final do ano passado, em Caxias do Sul. Até a tarde desta sexta-feira, a polícia não tinha pistas dos ladrões.
A ação desta sexta-feira ocorre pouco mais de um mês após outro assalto contra o mesmo banco no distrito. Em 27 de novembro, três homens quebraram uma porta de vidro ao lado da porta da giratória e anunciaram o assalto. Um deles portava um arma longa de calibre 12, outro um rifle de calibre 22, e o último uma arma menor. São armamentos semelhantes aos empregados no ataque de hoje.
Confira o depoimento do vigilante do banco:
Como foi a ação dos bandidos?
Vigilante: Foi rápida. Eu estava dentro da agência, ouvi uma freada de carro, aí já entraram com armamento pesado. Começaram a quebrar o vidro (da porta principal), me pediram para abrir aqui (porta giratória). Daí como não conseguiram entrar, quebraram a parte de cima do vidro e foram direto na agência.
Quebraram com o quê?
Com machado, não deram nem tiro.
Eram quantos assaltantes?
Eram três. Eles erraram a porta (são duas portas principais). Quebraram a da direita, mas abre só a da esquerda. Depois, começaram a quebrar lá dentro (acesso entre os caixas eletrônicos e os caixas internos). Eles tentaram entrar pela porta giratória e não conseguiram, daí usaram o machado na porta lateral. Mas como não estavam conseguindo, voltaram para a porta giratória e aí sim começaram a dar machadada até quebrar tudo.
Foi rápido?
Foi uns três minutos, tudo na base da machado.
Quando entraram, eles renderam o senhor?
Não, eles ficaram aqui fora (entre os caixas eletrônicos e rua) e um deles foi direto na gerente. Daí, devem ter lembrado que eu estava armado e um deles pulou pegou minha arma. Depois voltou pra fora. Só um entrou dentro mesmo no banco para pegar o dinheiro.
O senhor está nervoso com o ataque?
Nem tanto. No dia 27 de novembro já tinha sofrido um assalto aqui no banco. Foi o mesmo modus operandi, mesmas características.
Confira o depoimento de um refém:
O senhor viu quando os ladrões chegaram na agência?
Refém: Não. Eu estava dentro do bar jogando cartas com meus amigos. Daí entrou um rapaz no bar e mandou todo mundo sair.
Qual foi a sua reação?
Eu obedeci, mas teve gente que se escondeu nos fundos do bar, lá pra dentro.
Vocês foram levados para a rua?
Sim, a gente ficou como escudo para eles. Ficamos de mãos dadas e de frente para o banco.
Além do senhor, quem eram os reféns?
Eram as pessoas que estavam no bar. Tinha a dona do bar, o entregador de bebidas e outros que jogavam carta. Estávamos em seis.
O que os ladrões diziam a vocês no momento do assalto?
Diziam que o roubo não tinha nada a ver com a gente, só queriam o dinheiro do banco. Diziam pra gente não se preocupar.
Como o senhor se sente?
Muito nervoso (ele chora). Outro dia vi um assalto nesse mesmo banco, aqui do bar. Eram outros reféns, e hoje fui eu. Acho que são os mesmos ladrões da outra vez. Não deu para ver o rosto porque estavam com touca no rosto, mas vi que um deles era baixinho, moreno, gordo. Ele já esteve aqui sim.